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Ambiente de negócios e infraestrutura atrapalham inovação no Brasil

Os ambientes institucionais, político, de negócios e regulatório, além da infraestrutura tecnológica e de transportes são os fatores que mais prejudicam a capacidade de inovação do Brasil. A análise foi apresentada pelo pesquisador indiano Soumitra Dutta, que integra a Universidade de Oxford (EUA), à diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta (21). O presidente do Sintex, José Altino Comper, acompanhou a programação.

Dutta é o autor do Global Innovation Index (GII), índice adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e diversos países e no qual o Brasil ocupa a 54ª posição. O GII considera sete fatores para mensurar o grau de inovação de um país ou região. Em cinco  deles, o Brasil fica acima ou próximo de sua posição no ranking geral – sofisticação de negócios (35ª posição), sofisticação de mercado (49ª), capital humano e investigação (50ª), resultados criativos (51ª) e resultados de conhecimentos e tecnologia (55ª). Os ambientes institucionais, no qual o Brasil ocupa a 102ª posição mundial, e a infraestrutura (65ª posição) puxam o grau de inovação brasileiro para baixo.

“A infraestrutura brasileira não é robusta para que o Brasil aproveite a oportunidade para se reposicionar na janela que surge com a reconfiguração na cadeia mundial de suprimentos”, afirmou Dutta, que defendeu também maior integração entre o governo, setor privado e academia. Por outro lado, ele destacou que o país tem vantagens competitivas como ser  líder mundial de biodiversidade, patrimônio ambiental e na produção de alimentos. 

Para o pesquisador, a inovação será o caminho para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), como fator para a integração social e a sustentabilidade e para o alcance das metas da ONU. “Não vamos conseguir mudar os hábitos da população, precisamos criar novos modelos”, destacou. Além disso, Dutta considera que a inovação deve gerar valor econômico, social e ambiental, tripé que fundamenta o GII.

Ainda que em situações recentes de crise tenha ocorrido uma redução, os investimentos em inovação devem continuar se ampliando no futuro. Dutta prevê duas grandes ondas de desenvolvimento tecnológico, para as quais o Brasil precisa se preparar. A primeira é o que ele chama de explosão digital. “Se alguém está impressionado com os avanços tecnológicos não viu nada até agora”, afirmou, ao estimar nova explosão tecnológica nos próximos 10 ou 20 anos. “Todos os países líderes serão beneficiados e as empresas tecnológicas terão maiores taxas de crescimento”, acrescentou. Neste sentido, ele insistiu na necessidade de investimentos maiores do Brasil em inovação, lembrando que o país aplica 1,5% do PIB em pesquisa e inovação, contra 2,5% da China, 3,5% dos Estados Unidos e 5% de Israel. E lembrou que das 10 maiores empresas digitais do mundo, cinco são americanas e cinco, chinesas. No caso brasileiro, mesmo sendo um dos líderes mundiais na produção de alimentos, não é um dos países com maior número de startups voltadas ao segmento. Um dos exemplos de investimentos que o país precisa fazer é em agricultura de precisão.

A segunda onda de desenvolvimento tecnológico prevista por Soumitra Dutta é o desenvolvimento das ciências profundas – nanotecnologia, ciências biológicas e ciências e materiais, entre elas. É também um caminho que ele recomenda para o Brasil. 

Para o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, as afirmações de Soumitra Dutta foram muito provocadoras. “Nosso estado precisa criar o seu GIISC, um indicador de seu grau de inovação”, salientou.

Com informações da Fiesc.

 



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