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Programa de crédito para pequeno negócio destina 3,4% da verba

Veículo: O Estado de S. Paulo

 

  • 2 Jul 2020
  • Anna Barbosa

TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO-26/6/2020Retrato da crise. Lanchonete em Pinheiros, São Paulo

O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) é a terceira tentativa do governo federal para socorrer micro e pequenos negócios na pandemia. Aprovado em 18 de maio, com verba de R$ 15,9 bilhões, até a última segunda-feira o projeto havia liberado apenas R$ 542,7 milhões (ou 3,41% do total) para 11.425 empresas, segundo o Ministério da Economia.

De acordo com a pasta, apenas dois bancos estão operando atualmente o Pronampe: Caixa Econômica Federal e Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Nem mesmo o Banco do Brasil implementou o programa, tendo feito apenas contato com seus clientes para pré-cadastro, informou o banco.

Na Caixa, diz a instituição, foram realizados mais de 8 mil contratos, somando R$ 380 milhões em crédito para as empresas, clientes do banco ou não.

Contatados pela reportagem, os bancos Itaú e Bradesco não disseram quando começariam a operar o programa. O Bradesco afirma que ainda está aderindo ao Pronampe, enquanto o Itaú diz aguardar os “últimos ajustes das autoridades”.

Segundo o Ministério da Economia, é possível que até o fim desta semana outras instituições estejam habilitadas, mas é algo que depende de cada instituição financeira. O valor do crédito concedido pelo programa é de até 30% da receita bruta anual do exercício de 2019.

A dificuldade em conseguir crédito para sobreviver durante a crise é relatada por empreendedores. Pesquisa realizada pelo Sebrae entre 29 de maio e 6 de junho, com 7.703 empresários, mostra que 39% micro e pequenas empresas buscaram empréstimo, mas 84% não conseguiram ou ainda aguardam uma resposta do banco. Ainda segundo a pesquisa do Sebrae, 71% dos entrevistados não sabiam o que é o Pronampe.

“A gente imaginava que a ajuda do governo viria para sanar o que ficou para trás na pandemia, mas, quando chegamos ao banco, não é essa situação que a gente encontra”, diz Raíssa Sene, proprietária de restaurantes em Pinheiros. “Nós só conseguimos dar seguimento no Pronampe nesta semana, porque até semana passada não havia crédito para as pequenas empresas, só para as micro”, conta.

A empreendedora reforça que não é a única nessa situação. “Temos um grupo aqui em Pinheiros, o Coletivo Pinheiros, uma associação dos restaurantes e lojas, e a maioria tem dívidas, todo mundo está tentando se virar”, diz ela, ressaltando que são poucos aqueles que conseguem crédito.

Os obstáculos também atingem o empreendedor Edgard Aires, que conta ter recebido uma mensagem do governo, direto do portal da Receita, falando que tinha direito ao crédito pela Caixa, mas o banco afirma que o crédito não está liberado ainda.

Outra empreendedora relata, sob condição de anonimato, que acompanha o Pronampe desde o anúncio do programa, pediu crédito em dois bancos (Banco do Brasil e Desenvolve SP) e até agora não conseguiu nada. “Eles mesmos não sabem se vão ter acesso ao dinheiro.”



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