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Dois anos para País recuperar PIB

Veículo: Jornal do Commercio

Secretário de Desestatização afirmou ainda é difícil prever “estrago” da pandemia

  • Jornal do Commercio
  • 2 Jul 2020
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IMPORTAÇÕES Como os brasileiros reduziram muito as compras, a balança comercial está positiva

BRASÍLIA – O secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercado do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou nesta quarta-feira (1º) que o Brasil talvez precise de dois anos para recuperar o PIB anterior à pandemia do novo coronavírus. Ressaltando que ainda é difícil saber o tamanho do “estrago” que a crise causará, Mattar lembrou que as projeções estimam uma queda de até cerca de 6% da economia neste ano.

“O PIB vai ser negativo, alguns presumem que seja alguma coisa maior que 5% ou 6% de PIB negativo. Ou seja, talvez nós vamos gastar dois anos para recuperar esse PIB, dependendo da recuperação, se vem em ‘V’ ou em ‘U’. Então essa recuperação, dependendo de como vier, pode demorar mais tempo a recuperarmos o PIB que era no passado”, afirmou, em live promovida pelo Banco Safra.

O secretário disse também não ser possível saber ainda se o nível de desemprego no Brasil já está consolidado em razão da pandemia, ou se mais postos serão perdidos nos próximos meses. “Por causa de alguns planos de ajuda governamental, não sabemos ainda se o desemprego já está efetivamente definido, ou se está em andamento, se julho, agosto, setembro, veremos mais desempregados”, comentou.

O clima de imprevisão também afeta a carteira de ativos da União que seriam vendidos neste ano. Questionado se o governo já tem um novo número, atualizado após os impactos da crise, Mattar respondeu que “não temos porque não sabemos quando vamos voltar ao normal. Por isso não fizemos revisão sobre venda de ativos para esse ano, que ficou profundamente atingida devido a crise”, disse o secretário, para quem esse processo deve voltar aceleradamente em 2021. “Pandemia vai atrasar planos, mas nossa bússola será a mesma”, afirmou.

Em janeiro, Mattar afirmou estimativa atingir a meta de R$ 150 bilhões em privatizações e vendas de ativos em 2020.

O secretário voltou a afirmar também que a dívida do País pode chegar a 100% do PIB, o que significa que o Brasil terá de destinar mais dinheiro para o pagamento de juros, comentou. “Não sabemos quantas pessoas serão infectadas ainda nos próximos meses. Em algumas cidades, a pandemia começou a voltar novamente”, observou o secretário.

Ele lembrou que, em março, previa-se uma retomada para o mês de julho. “Estamos vendo que não é tão simples assim, temos que ter cuidado, tem vidas que estão sendo ameaçadas”, disse.

BALANÇA

A balança comercial brasileira encerrou o primeiro semestre de 2020 com superávit de US$ 23 bilhões. Embora siga em patamar positivo, o saldo é 10,3% mais fraco do que o registrado nos primeiros seis meses de 2019. O resultado, apresentado nesta quarta-feira (1º) pelo Ministério da Economia, é o pior para o período em cinco anos. Na comparação com o

Integrante do Ministério da Economia participou de live do banco Safra ano passado, o valor das exportações brasileiras caiu 6,4%. Também houve queda nas importações, de 5,2%.

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o ministro Paulo Guedes (Economia) aposta na balança comercial como fator que pode amortecer a retração do PIB. A avaliação do ministro é que a exportação de alimentos, ponto forte do Brasil, seguirá em alta.

Entre janeiro e junho, as exportações do setor agropecuário somaram US$ 26,2 bilhões, uma elevação de 23,8% na comparação com período equivalente do ano passado.

O movimento de expansão não foi observado em outras áreas. A indústria de transformação recuou 15,1% no período. No caso da indústria extrativa, que inclui minérios e petróleo, a retração nas vendas ao exterior foi de 9,6%.

PREÇOS

O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, afirmou que parte do enfraquecimento dos resultados deste ano é explicada por uma retração nos preços internacionais de uma série de produtos.

Na indústria extrativa, por exemplo, o volume exportado pelo Brasil subiu 5,5%, enquanto o valor dos produtos caiu em média 13,9%.

Nos últimos meses, Guedes também vem ressaltando que, apesar da queda nas vendas para grandes economias, como os Estados Unidos e países europeus, as exportações para a China estão em alta, mesmo diante da pandemia.

Os números do semestre confirmam essa tese. No período, houve retração de 31,6% das exportações para os Estados Unidos e recuo de 10,6% para a União Europeia. As vendas para países da América do Sul caíram 28,1%.

Para a China, no entanto, o valor da exportação registrou alta de 14,9% no semestre. Com o aumento, a participação dos chineses saltou para 35% de todo o valor exportado pelo Brasil. No primeiro semestre do ano passado, o patamar era de 28,5%.

Para o total de 2020, o Ministério da Economia estima que o saldo comercial vai encerrar o ano positivo em US$ 55,4 bilhões, uma alta de 15,2% em relação a 2019.

O superávit, pelas estimativas do governo, não será explicado por um aumento das vendas do país, mas sim uma retração mais forte das compras feitas pelos brasileiros.

A projeção aponta para uma queda de 10,2% da exportação e um recuo ainda mais intenso da importação, de 17%.

Ferraz afirma que a crise do coronavírus agravou o cenário internacional, que já vinha em dinâmica de desaquecimento. Ele pondera que a perspectiva pode melhorar após o enfraquecimento da pandemia e que os números podem ser revisados ao longo do ano. “Nossa expectativa é de reversão dessa tendência até o final do ano por conta da resiliência demonstrada pelas exportações e a nossa competitividade doméstica”, disse.

 



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