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Reflexão: O novo calendário de moda descentralizado

Veículo: Vogue

Com a saída de marcas como Michael Kors e Saint Laurent das semanas de moda, os organizadores seguem apegados ao calendário tradicional e varejistas veem um futuro mais sustentável.

Michael Kors (Foto: Reprodução/ Corey Tenold)
 

A Michael Kors deixa a semana de moda de Nova York, em setembro, e terá um calendário próprio (Foto: Corey Tenold)


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Quando Michael Kors anunciou que está se afastando das semanas de moda tradicionais, o estilista americano tomou partido num crescente debate sobre como e quando as coleções de moda devem chegar ao público.

Kors disse que produzirá duas coleções por ano, abrindo mão do resort, e apresentará de acordo com seu próprio calendário ao colocar seu verão 2021 nas passarelas no final de outubro ou início de novembro, em vez de ser durante a Semana de Moda de Nova York no início de setembro. Da mesma forma, Saint Laurent disse que vai desfilar fora do calendário da Semana de Moda de Paris (que acontecerá presencialmente entre 28 de setembro e 6 de outubro). Os representantes da Chloé têm discutindo sobre um ano de duas temporadas com os varejistas, embora um porta-voz diga que a grife não tomou nenhuma decisão oficial sobre o assunto.

Essas escolhas feitas por grifes influentes preocupam os organizadores das semanas de moda e outros que acreditam que é benéfico reunir uma indústria inteira de compradores, editores, vendedores e estilistas em uma cidade com o intuito de entender as propostas para os looks de uma temporada. Carlo Capasa, presidente e CEO da Camera Nazionale della Moda Italiana, disse recentemente: "É importante ter um período para os desfiles, em vez de as marcas exporem quando e onde quiserem."

“Eu acho que o que está acontecendo é simplesmente brilhante,” diz Holli Rogers, diretora executiva da Browns Fashion e diretora de marca da Farfetch. "Vou ter problemas, mas acho que, de forma polêmica, estaríamos melhor sem as semanas de moda."

Do ponto de vista das lojas, espaçar a chegada dos produtos das grandes grifes reduzirá a natureza exagerada das entregas, que inundam os consumidores com novos looks no mesmo período, e deixam esses compradores com pouca novidade até a chegada da próxima temporada. Isso é particularmente um problema para pequenas grifes que lutam por atenção em meio a todo o barulho de uma nova temporada. Entre as vítimas da economia brutal, apesar da riqueza de sua patrocinadora, Nancy Marks, a promissora grife de Nova York Sies Marjan fechou abruptamente recentemete. 

A pressão para produzir mais fora de época levou à criação do cruise e pré-coleções. Mas isso, por sua vez, contribuiu para uma superprodução tão grave que 30% das novas roupas acabam sendo destruídas ou em aterros. Isso também contribuiu para um ciclo severo de descontos, já que as lojas limpam o estoque com tanta regularidade que os consumidores estão aprendendo a se sentirem tolos por pagar o preço total das roupas.

Vestir sem prender-se à estação não é apenas um conceito de design, também é potencialmente uma estratégia de fabricação e entrega que segue as marcas individuais, e não a máxima da indústria. Kors observou em seu anúncio que suas coleções verão e inverno serão entregues gradualmente às lojas durante todo o ano, quando as pessoas quiserem comprá-las e usá-las.

"Se você escalonar as entregas, em virtude disso, você terá esse fluxo de mercadorias constantemente," diz Holli Rogers, entusiasmada.

https://vogue.globo.com/moda/noticia/2020/06/reflexao-o-novo-calend...



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