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Acordo comercial com Coreia do Sul prejudica 51 setores no Brasil, diz CNI

Veículo: O Estado de S. Paulo

O acordo comercial em negociação entre o Mercosul e a Coreia do Sul poderá prejudicar 51 setores econômicos no Brasil e beneficiar apenas 11, de acordo com estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo o Estadão/Broadcast apurou, o acordo está avançado, mas as negociações caminham a passos lentos por causa da pandemia do coronavírus. Questões como quais setores serão excluídos do acordo de livre-comércio e o tempo até a retirada total de tarifas ainda estão em aberto.

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Na simulação feita pela CNI a maioria dos setores teria redução no PIB com a eliminação das tarifas de importação de produtos sul-coreanos. Foto: Fotos públicas

Na simulação feita pela CNI – que já se manifestou contrariamente ao acordo - a maioria dos setores da agricultura, indústria extrativa e indústria de transformação e serviços teria redução no Produto Interno Bruto (PIB) com a eliminação das tarifas de importação de produtos sul-coreanos. 

Seriam afetados, segundo o estudo, 21 setores na indústria, 18 no setor de serviços, 4 na indústria de transformação e 8 na agricultura. Outros 11 setores teriam ganho de PIB. A confederação não detalhou os setores que ganham e que perdem.

De acordo com a entidade, o crescimento para os setores da Coreia do Sul será oito vezes maior do que para os setores do Brasil. “Não faz sentido, em meio a uma crise sanitária e a uma recessão econômica que poderá bater recorde histórico, o Brasil e o Mercosul negociarem um acordo de livre-comércio que prejudica a maior parte dos setores e beneficia, de forma desproporcional, a Coreia do Sul. Há outros parceiros com quem podemos negociar outros tipos de acordos mais equilibrados, com ganhos mútuos, como os Estados Unidos e o México”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, a CNI pediu em abril ao governo brasileiro que suspenda as negociações entre Mercosul e Coreia do Sul. A entidade teme que os termos atualmente na mesa prejudiquem os produtores brasileiros e ampliem em US$ 7 bilhões o déficit comercial com o país asiático.

Na semana passada, a entidade participou de reunião com o Ministério da Economia em que reafirmou seu posicionamento. “É uma negociação que tem sido feita com pouca transparência e diálogo com o setor privado, e que não parece seguir os parâmetros utilizados por outros países que já negociaram com a Coreia do Sul. Precisamos lembrar que as exportações coreanas são o segundo maior alvo de medidas antidumping no mundo, atrás apenas da China. Esse é um indicativo de que não há concorrência leal em alguns setores”, ressalta Abijaodi.

De acordo com a confederação, o acordo que vem sendo negociado com a Coreia do Sul garante o livre-comércio para 90% dos produtos importados e exportados para o Mercosul. 

A CNI reclama que compromissos firmados pelos sul-coreanos com países como China, Índia e Turquia mantêm tarifas para 20% da pauta de comércio com períodos de carência e margens de preferência que não são contemplados na negociação com o bloco sul-americano.

No ano passado, o saldo da balança comercial entre os dois países foi negativo em US$ 1,256 bilhão.



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