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Funcionalismo público faz de Brasília 'ilha de bons pagadores'

Veículo: O Estado de S. Paulo

Enquanto a região metropolitana de Salvador amarga alguns dos maiores índices de atrasos no pagamento de dívidas bancárias, o Distrito Federal - mais especificamente Brasília - desponta no Brasil como uma espécie de “ilha de bons pagadores”.

Das sete modalidades de crédito que fazem parte do Sistema de Informações de Crédito (SCR) do Banco Central, Brasília possui os menores porcentuais de atraso em dois deles. Nos demais, porém, a cidade aparece sempre entre as menores taxas.

No caso do cartão de crédito, moradores de alguns bairros de Brasília - identificados pelo CEP com início 70 - apresentam porcentual de atraso superior a 15 dias de apenas 3,49%. No empréstimo consignado em folha, esse porcentual chega a ser de 0,75%.

Em comparação, o índice verificado nas cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia (CEP 74) é de 12,71% no empréstimo consignado em folha. Essa operação, aparentemente segura para os bancos, já que pressupõe o desconto direto das parcelas da dívida na folha dos trabalhadores, tem apresentado risco maior no Estado de Goiás, onde empresas e órgãos públicos encontram dificuldades para pagar salários em dia.

No crédito habitacional, o porcentual de atraso dos moradores de Brasília é de apenas 0,20% - muito próximo do menor índice do País, verificado em regiões da cidade de São Paulo (CEP 01).

“Brasília tem muito funcionário público, com renda maior que a média. Esse fator é determinante para isso”, diz o professor Rafael Shiozer, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP-FGV). “São funcionários públicos com emprego estável, renda estável.” Segundo ele, o desemprego e a queda da renda costumam ser os determinantes para o aumento da inadimplência em dívidas em geral.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que os moradores de Brasília possuem situação privilegiada em relação ao restante do País. A renda domiciliar per capita mensal no Distrito Federal foi de R$ 2.460 em 2018, bem acima dos R$ 1.373 da média brasileira. No Maranhão, a renda per capita foi de apenas R$ 605 no ano passado.

“Funcionários públicos têm estabilidade e, em momentos de crise, mantêm empregos e salários”, lembra o professor de Finanças da Universidade de Brasília (UnB), Bruno Vinícius Ramos Fernandes. “Boa parte da inadimplência que ocorre no pagamento de dívidas é em função da perda do emprego e da renda fixa, com muita gente trabalhando como autônomo. Em Brasília é diferente.”



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