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Ibovespa passa a subir com disposição da China em negociação com EUA

Veículo: Valor Econômico

O Ibovespa inverteu direção nesta tarde e sobe 0,14%, aos 103.324 pontos às 13h56. O movimento ocorreu após uma notícia de que a China estaria disposta a melhorar as condições comerciais que mantém com os Estados Unidos. A inversão ocorre após uma manhã sem grandes suportes para fazer apostas mais intensas, tanto aqui quanto no exterior. Mas o sinal positivo vindo da China pode dar algum fôlego aos mercados.

Para Glauco Legat, analista-chefe da Necton, o pregão de hoje trouxe uma acomodação de preços para boa parte dos papéis, com exceção de casos que contam histórias mais específicas, como aqueles das varejistas e os mais ligados às commodities. "Faltam catalisadores, tanto aqui quanto lá fora, para que os mercados assumam mais direcionamento. Somente uma notícia bem positiva mudaria isso. Internamente até temos a tramitação da reforma da Previdência, é positivo, mas já precificado e que não influencia tanto o mercado", diz.

Mais cedo, os contratos futuros do petróleo Brent para novembro operavam em alta de 0,86%, a US$ 63,13 por barril em Londres, enquanto o WTI para outubro subia 0,90%, a US$ 58,38 por barril na bolsa de Nova York. Isso acontece após os comentários do novo ministro da Energia da Arábia Saudita, que afirmou que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) seguirá com sua política de corte de produção de 1,2 milhão de barris diários. Assim, Petrobras ON subia 1,01%, enquanto Petrobras PN avançava 0,71%.

Já o minério de ferro subia 3,31% na China, refletindo em Vale ON (0,58%), Gerdau PN (3,28%), Gerdau Metalúrgica PN (2,82%) e CSN ON (1,72%).

O principal destaque negativo do dia é o setor de varejo. Após a Amazon anunciar o lançamento do Prime, um pacote de serviços que inclui a entrega de mercadorias compradas em seu site e a assinatura de "streaming" de música e vídeo, os papéis do setor passaram a cair intensamente: há pouco, B2W Digital ON (-6,64%), Lojas Americanas PN (-2,93%), Magazine Luiza ON (-6,61%) e Via Varejo ON (-5,14%) lideravam as perdas do Ibovespa.

No ano, a Via Varejo já acumula alta de 52,62%, enquanto a Magazine Luiza tem valorização de 44,85% no mesmo período. B2W acumula recuo de apenas 1,43%, já Lojas Americanas sofre mais e cede 8,38% no ano.

Vale lembrar também que os papéis de Magazine Luiza e B2W foram bastante movimentados no ano por causa da disputa pela compra da Centauro. Já a Via Varejo passou por uma reestruturação em sua gestão, o que também garantiu bastante oscilação às ações.

"Alguns papéis do varejo já se valorizaram bastante neste ano, então pode haver certo reequilíbrio dos preços. Acho que uma das dúvidas hoje é qual será o papel da Amazon nesse mercado, que ainda tem bastante potencial de alta e, acredito, espaço para todos os players atuarem. Mas o fato é que o mercado ainda não sabe se a Amazon vai abocanhar o setor quase todo, como faz nos Estados Unidos, ou se todas essas empresas serão capazes de dividir espaço", afirma Glauco Legat.

Ele cita fatores como a previsão de liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros nas mínimas históricas como fatores que ainda impulsionarão o setor, mas também responsáveis, em partes, pela valorização dos papéis das varejistas nos últimos tempos.

O serviço da Amazon, que causa toda essa onda de vendas do setor no mercado, custará R$ 89 ao ano, ou R$ 9,90 por mês, com a possibilidade de o consumidor o consumidor receber os produtos adquiridos on-line sem ter que pagar frete a cada compra. Em cerca de 90 cidades, como São Paulo, Rio e Brasília, os pedidos serão entregues a partir de dois dias. Para comparação, a Lojas Americanas tem há dois anos um serviço chamado Americanas Prime, a R$ 79,90 ao ano, que também dá direito a entrega das compras feitas no site, sem frete adicional e com descontos especiais.

Em relatório, o BTG Pactual aponta que o crescimento da Amazon no país “não será impossível, mas mais difícil”.

“Embora não possamos descartar a poderosa estratégia da Amazon em todo o mundo sendo replicada no Brasil, é importante destacar que nos últimos anos vimos uma consolidação crescente entre alguns concorrentes no comércio eletrônico brasileiro, o que torna o avanço da não impossível, mas mais difícil”, diz o documento.

Já a XP Investimentos afirma que enxerga a novidade da Amazon como "mais um passo importante para a estruturação da sua operação de e-commerce no Brasil, embora o serviço Prime seja restrito com relação ao número de produtos ofertados e quantidade de cidades com entrega em dois dias. Apesar de não vermos grandes mudanças no cenário competitivo online com esse anúncio, esperamos volatilidade nas ações das empresas de e-commerce", afirma em relatório divulgado hoje.

Dólar

O exterior continua a dar o tom da negociação do câmbio no Brasil neste pregão. Em meio a relatos de que a China estaria disposta a melhorar a oferta aos Estados Unidos na negociação comercial o dólar passou a cair.

Por volta das 13h57, a moeda americana caía 0,08%, aos R$ 4,0954, já longe da máxima intradiária R$ 4,1290.

O relato sobre a China ajudou a melhorar o clima de aversão ao risco que espreitava os ativos de risco em dia de noticiário até então calmo e com a espera pela decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE). “A piora do sentimento lá fora faz os investidores internacionais tirarem dinheiro das bolsas e comprar moeda forte”, resume Mario Battistel, diretor da Fair Corretora.

Analistas do Bank of America Merril Lynch mantém a previsão de corte de 0,20 pontos-base da taxa de depósito pela instituição, bem como o anúncio de um pequeno programa de compra da ativos (QE, na sigla em inglês) da ordem de 30 bilhões de euros. No entanto, ressaltam que há risco de um QE ainda menor ou mesmo de não haver anuncio do tipo. "O risco de decepção é alto. Comentários recentes feitos por dirigentes sugerem que a discussão está acalorada sobre o assunto", nota o banco americano.

Além disso, existe alguma preocupação a respeito da reunião do Federal Reserve na próxima semana, nota José Faria Junior, diretor da WIA Investimentos. “Vale lembrar que o próximo encontro terá atualização das projeções. Mesmo que um corte de juros esteja garantido, a decepção pode vir a partir do guidance que as projeções trazem”, diz o profissional.

Desde a última semana, os futuros dos fed funds voltaram a precificar a possibilidade de que o Fed não corte juros na reunião da semana que vem. Segundo cálculos do CME Group, as apostas implicam em uma chance de 91,2% de corte de 0,25 ponto pelo Fomc na próxima quarta-feira. Os 8,8% restantes acreditam que a banda permanecerá estável entre 2% e 2,25%.

Juros

Os mercados internacionais novamente ficaram no foco das atenções dos investidores. Os juros futuros, que no início do dia operavam praticamente estáveis, passaram a subir durante a manhã, ao acompanharem o avanço do dólar e dos retornos de títulos públicos ao redor do globo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2020 subia de 5,30% no ajuste do dia anterior para 5,315% e a do DI para janeiro de 2021 avançava de 5,34% para 5,36%. No mesmo horário, o DI para janeiro de 2023 tinha retorno de 6,46% ante 6,42% no ajuste anterior, enquanto o DI para janeiro de 2025 operava a 7,02%, de 6,98% no ajuste anterior.

“Todos os membros do conselho do BCE parecem prontos para afrouxar ainda mais a política monetária. No entanto, os dirigentes parecem discordar mais do que o normal sobre a natureza e o tamanho das medidas adicionais de estímulo”, nota o economista Florian Hense, do Berenberg Bank, em relatório. O banco alemão espera que o BCE reduza a taxa de depósito em 20 pontos-base, de -0,4% para -0,6% e relance as compras mensais de ativos líquidos no valor de 30 bilhões de euros por pelo menos 12 meses.

Os investidores, contudo, precificam a chance de o BCE não ir tão fundo nas medidas de estímulo. Nesse cenário, o retorno do Bund alemão de dez anos subia para -0,548%, enquanto o yield do BTP italiano de mesma maturação avançava para 1,035%.



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