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Confiança e atividade recuam no início do ano

Incertezas quanto a reformas e lenta recuperação da economia provocaram virada em indicadores de confiança, tanto empresarial quanto do consumidor

O período de lua de mel com o novo governo está sofrendo abalos. O sinal de alerta soou no mês passado. De cinco índices de confiança, empresariais e do consumidor apurados pela FGV, quatro caíram em fevereiro ante janeiro. O IBC-Br, espécie de prévia do PIB, veio negativo em janeiro, após duas altas seguidas. Também as projeções de crescimento do PIB para 2019 já rondam 2%, segundo o Boletim Focus, do BC, ante 2,28% na semana passada e 2,48% há um mês.

As incertezas quanto à aprovação das reformas e a frustração com a lenta recuperação da economia reduziram a euforia de empresários que houve após as eleições. Do lado do consumidor, o desemprego, que pesa nas decisões de compra, voltou a subir para 12% em janeiro. 

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PIB PMEs
Do lado do consumidor, o desemprego voltou a subir para 12% em janeiro. Foto: SERGIO NEVES|Estadão
Entre os índices empresariais, a grande virada ocorreu na construção que, depois de seis meses seguidos de alta, a confiança dos empresários caiu em fevereiro. No caso do setor de serviços e do consumidor, a retração ocorreu no mês passado após quatro altas consecutivas. Já no comércio, o sinal de que a euforia estava terminando começou mais cedo: houve queda na confiança dos empresários em janeiro e fevereiro. Só a indústria destoou dos demais, pois o ajuste ocorreu antes, com a greve dos caminhoneiros e a crise argentina.

“Fevereiro foi um mês de calibragem”, diz o superintendente de Estatísticas Públicas da FGV, Aloisio Campelo. Ele explica que a queda nos índices de confiança foi determinada por um ajuste nas expectativas para os próximos meses. Na sua análise, passado o segundo turno das eleições, o aumento das expectativas dos empresários e consumidores foi além do que a economia conseguiu entregar. Talvez, diz, os empresários achassem que seria mais fácil encaminhar as reformas ou teriam outros impulsos para levar a economia à frente.

Para Nicola Tingas, consultor da Acrefi, que reúne as financeiras, houve um “freio de arrumação” nas expectativas provocado pela piora do lado real da economia: a lentidão na recuperação do PIB, as dificuldades na negociação da reforma da Previdência e as trapalhadas do governo. Por outro lado, ele ressalta que, no âmbito financeiro da economia, cujo desempenho da Bolsa procura antecipar as expectativas de longo prazo, o cenário é positivo. Ontem, o Ibovespa fechou acima de 99 mil pontos, após ter atingido marca recorde de 100 mil pontos. “Houve um freio de arrumação em fevereiro, mas o ônibus não perdeu o freio”, diz Tingas.

Campelo também não acredita que a queda que houve na confiança dos empresários e do consumidor seja uma tendência. Mas ele pondera que a calibragem pode continuar este mês.

Montanha russa
Empresários confirmam a oscilação nos negócios, o que tem levado à queda nas expectativas. Mauro Teixeira, sócio-diretor da TPA, incorporadora e construtora, por exemplo, conta que o desempenho da empresa na venda de imóveis num mês é eufórico e no outro é baixo-astral. Após as eleições, outubro e novembro foram muito bons para a companhia, que fatura, em média, R$ 100 milhões por ano. Já em dezembro, as vendas perderam o fôlego e, em janeiro, elas voltaram para nível muito bom. Mas em fevereiro, houve uma freada: a empresa vendeu um quarto das unidades comercializadas em janeiro, mas este mês começou bem.

Diante dessa montanha russa, Teixeira decidiu colocar os novos empreendimentos em banho maria. “A área de novos negócios da empresa está acionada, mas não está pressionada.” A ordem é não acelerar.

 Veículo: O Estado de S. Paulo / Economia



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