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BofA Merrill Lynch vê crescimento de 3,5% em 2019

A recuperação da economia brasileira vai se consolidar em 2019, levando o PIB a crescer 3,5%, diz David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America (BofA) Merrill Lynch no Brasil. Para ele, a aceleração da atividade será amparada pelo avanço da agenda de reformas, como a da Previdência, o que levará ao aumento da confiança e permitirá que os juros fiquem baixos por mais tempo, melhorando as condições financeiras. Para este ano, Beker estima crescimento de 1,5%. 

"Estou otimista, mas é um otimismo condicionado à implementação da agenda de reformas", afirma Beker. Se o novo governo se empenhar no avanço de medidas como a mudança do sistema de aposentadorias, há condições para a economia se expandir a um ritmo consideravelmente mais forte no ano que vem, acredita ele, observando que o Brasil será um dos poucos países em que o crescimento vai acelerar em 2019.

Na visão de Beker, o consumo das famílias continuará a ser o principal motor da retomada no ano que vem. Para ele, o principal componente do PIB pelo lado da demanda vai crescer 3,5% em 2019, ritmo que é quase o dobro do 1,8% esperado para este ano. A melhora gradual do mercado de trabalho, o cenário benigno para a inflação e a recuperação nos índices de confiança devem elevar a demanda e a oferta de crédito, impulsionando o consumo privado.

Ele também acredita numa aceleração expressiva do investimento, cuja taxa de expansão deve passar de 4% neste ano para 8% no que vem. Beker diz que as empresas estão com um caixa elevado e investiram pouquíssimo nos últimos anos. Com a recuperação da confiança uma vez encerradas as eleições, ele espera um salto nos investimentos destinados à manutenção do estoque de capital.

Beker ressalta a melhora da curva de juros, que tinha ficado muito inclinada devido às incertezas eleitorais. A queda dos juros futuros e a perspectiva de que essas taxas fiquem comportadas no ano que vem devem estimular a economia. O câmbio tende a ficar comportado, avalia Beker, projetando um dólar a R$ 3,60 no fim de 2019. As condições financeiras, com isso, estimularão a atividade. 

Ele estima que a Selic subirá pouco no ano que vem, fechando 2019 em 7% ao ano. Hoje, está em 6,5%. Para Beker, o cenário para a inflação é benigno. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2018 em 3,7% e 2019 em 4,2%, em linha com a meta do ano que vem, de 4,25%. Ele destaca que os preços de serviços e os núcleos de inflação (que buscam eliminar ou reduzir a influência dos itens mais voláteis) mostram uma "dinâmica benigna", dada a grande ociosidade na economia. 

As contas externas devem continuar tranquilas. Beker espera que o déficit em conta corrente aumente de 0,8% do PIB neste ano para 1,8% do PIB no ano que vem, num cenário em que o maior crescimento da demanda doméstica colocará pressões sobre as importações e também sobre a balança de serviços e rendas. Mas não haverá dificuldades para financiar esse rombo, diz Beker, que projeta fluxo de US$ 80 bilhões de investimentos estrangeiros diretos no país (IDP) em 2019, o equivalente a 3,9% do PIB, mais que os US$ 60 bilhões deste ano, ou 3,2% do PIB.

Beker nota que a inflação e os juros estão baixos, o crescimento está voltando, o déficit externo é baixo e as empresas e famílias reduziram os seus níveis de endividamento. "Há um fundamento problemático, que é o fiscal." O encaminhamento da discussão sobre o ajuste das contas públicas, se concretizado, vai contribuir para "um ciclo mais virtuoso", afirma Beker, enfatizando a importância de aprovação da reforma da Previdência. "Para esse ciclo se materializar, o novo governo terá que entregar [a agenda de reformas]. A parte das ideias vai bem, obrigado. Mas em 2019 vem a conta", diz ele, que vê esse cenário positivo como factível.

Ele projeta um déficit primário (que exclui gastos com juros) de 1,8% do PIB neste ano e de 1,7% do PIB no ano que vem, avaliando que o número de 2019 pode ser menor, de 1,5% do PIB. Isso vai depender das receitas extraordinárias que o governo obtiver, como as do leilão de concessão das áreas da cessão onerosa feita à Petrobras. A dívida bruta deve subir de 76,7% do PIB neste ano para 77,5% a 78% do PIB no ano que vem, estima Beker. 

Ele reitera que o Brasil pode se diferenciar entre os emergentes em 2019. O crescimento vai acelerar e a expectativa é favorável para os lucros das empresas. Segundo ele, os ganhos em dólares das companhias brasileiras devem ser os maiores entre os emergentes em 2019, subindo 22%, acima dos 21% na Índia, 17% na África do Sul, 16% no México e no Chile e 14% na China.

Veículo: Valor Econômico

Seção: Brasil



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