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Sustentabilidade do fio à malha

À medida que o foco na sustentabilidade se torna mais importante, a procura por fios sustentáveis e com baixo impacto no meio ambiente tem vindo a aumentar e a tornar-se essencial para os produtores de malhas. De acordo com um estudo do WGSN dedicado à inovação e sustentabilidade nos fios, desde fibras com base vegetal ou animal até sintéticos mais ecológicos, é essencial encontrar e integrar propostas que reduzam o impacto ambiental das malhas.

Fibras animais recicladas

Fibras nobres como a lã, caxemira e mohair têm diversos benefícios, incluindo credenciais ecológicas fortes. Com boas propriedades térmicas, respiráveis e gestão de humidade, as fibras animais são biodegradáveis, o que as coloca acima de muitas das homólogas sintéticas em termos de sustentabilidade.

Nos últimos tempos, têm surgido qualidades de fibras animais recicladas para minimizar o desperdício, reduzir o impacto de voltar a tingir e evitar o desgaste das pastagens. O sistema italiano de reciclagem de lã e caxemira Re.VerSo reincorpora as fibras através de um processo integrado e rastreável com a Green Line, Nuova Fratelli Boretti e a Lanificio Stelloni. A Nuova Fratelli Boretti também recicla fios de fibras animais de luxo, como alpaca e camelo.

Reconhecendo as credenciais sustentáveis das qualidades recicladas, a Pecci apresentou um novo fio para o outono-inverno 2019/2020 na Pitti Filati que combina 30% de caxemira reciclada, lã merino e poliamida.

No retalho, a marca de vestuário de senhora Filippa K. tem procurado formas de incorporar fibras nobres recicladas na série Front Runners. Centrando-se no impacto positivo de usar fio já tingido, a marca afirma que tem «menos 96% de CO2, 89% menos água e 76% menos energia do que num processo normal de tingimento».

Bem-estar animal

Com a indústria do mohair sob escrutínio recente, o bem-estar animal e a produção ética são mais importantes do que nunca, tanto para as marcas como para os consumidores, afirma o WGSN. A indústria de fibras animais está a tornar-se cada vez mais dependente da produção sustentável e conservação de recursos, devido à pressão relacionada com a erosão dos solos e sobrepastagem e com as exigências das marcas. Há, por isso, fiações que já permitem a rastreabilidade completa das fibras e que têm inclusivamente programas próprios de gestão da terra.

A produtora de fios de lã merino Tollegno 1900 e a empresa vertical Stucken oferecem desde rastreabilidade completa dos seus produtos a produção responsável e auditorias no local, assim como acabamentos não-tóxicos. A UPW também fornece caxemira completamente rastreável e controla o tamanho do rebanho para evitar a desertificação, tendo ainda uma parceria com a Shokay para produzir fio de iaque socialmente responsável.

Mas o bem-estar animal tem de ser considerado em todas as fibras animais. A chamada “Peace Silk” oferece uma alternativa à produção tradicional de seda, que é atualmente vista por alguns como uma prática pouco ética. A britânica Majestic Textiles e a fornecedora Seidentraum têm em stock de fios e têxteis orgânicos, não violentos. Sendo mais cara, a “Peace Silk” pode ser misturada com outras fibras e usada no vestuário em malha de luxo.

Algodão reciclado

À medida que os processos mecânicos de reciclagem se tornam mais sofisticados, os fios de algodão reciclados oferecem uma opção eco-sustentável à produção de algodão virgem. Atualmente, refere o WGSN, há apenas processos à escala industrial para reciclar mecanicamente algodão, o que significa que as fiações estão a usar métodos inovadores para conferirem os melhores atributos aos fios reciclados. Trocar o algodão virgem por versões recicladas permite usar menos água e reduzir os desperdícios.

Os fios Ecotec da Marchi & Fildi são obtidos a partir de restos de algodão já tingidos, eliminando a necessidade de voltar a tingir os fios. De igual forma, a Recover produz fios de algodão reciclado e adaptou a gama para incluir títulos e estruturas de fios pensados para a produção de malha desde a primavera-verão 2019. Os preços competitivos em termos comparáveis assegurou visibilidade no mercado aos fios Ecotec, que foram selecionados por empresas como a portuguesa Tintex para a produção das suas malhas e chegaram ao consumidor final através de marcas como a Eileen Fisher.

Já a Refibra da Lenzing combina Tencel e resíduos de algodão reciclado para uma qualidade sustentável superior que retém a forma e o toque fluido da celulose regenerada. O denim reciclado também tem propostas, com a italiana Pinori Filati a continuar a desenvolver uma gama de fios para malhas a partir de resíduos de denim pré-consumo.

Fibras naturais

Fibras naturais produzidas de forma sustentável e com um impacto menor na natureza são uma solução simples para as malhas.

É o caso do linho, que nas coleções para a primavera-verão 2018 para homem e senhora aumentou a sua presença em 39% e 18% em termos anuais nos mercados do Reino Unido e dos EUA, respetivamente, segundo os dados do WGSN Instock.

A fiação húngara Hungaro Len é especialista em fios de linho com o mantra “zero irrigação, zero organismos geneticamente modificados, zero resíduos”. Da mesma maneira, a Sesia combina linho e algodão orgânico para a primavera-verão 2019. Empresas como a Brugnoli Giovanni e a NGS Malhas têm propostas com linho.

O WGSN adverte também para os riscos ambientais de usar algodão tradicional e aconselha a que, sempre que possível, se utilize opções orgânicas. A Filmar é uma das empresas que se destaca na área do algodão orgânico, tendo uma gama de algodão orgânico como parte da iniciativa Cotton for Life, que tem como objetivo salvaguardar o ambiente e os seus funcionários. O WGSN destaca ainda a gama Naturally Advanced Cotton da Tintex, com fio Ecotec e certificação GOTS e BCI.

Celulose regenerada

A celulose regenerada tem um cair e um toque macio superiores, assim como fortes atributos sustentáveis quando comparada com a viscose tradicional e a poliamida. Naturalmente antibacterianos, com secagem rápida e respirabilidade como qualidades, os fios de liocel são adequados à utilização em lingerie, smimwear e activewear.

Os produtores de fibras incluem a Lenzing, que produz fibras de liocel através de um processo de ciclo fechado, e a Spinnova, que faz fibras de liocel a partir de madeira certificada e afirma utilizar menos 99% de água durante o processo de produção do que a usada no algodão. Já a Asahi Kasei produz a Bemberg, uma celulose regenerada obtida a partir do línter da semente de algodão.

A UPW, por exemplo, está a combinar o algodão BCI com a SeaCell, uma fibra celulósica que contém micropartículas de algas.

E no retalho, a marca de swimwear e lingerie Under Protection já usa fios de liocel ecológico, para um melhor cair e maciez, juntamente com fibras de proteína do leite, poliéster reciclado e lã reciclada.

Sintéticos reciclados

Com as fibras sintéticas virgens a não serem nem sustentáveis, nem biodegradáveis, e com as vantagens do poliéster recicladoa serem aclamadas, as opções deste tipo parecem ser a resposta certa. Adequadas à utilização em activewear, swimwear e collants, a adoção generalizada das fibras Econyl e Repreve da Unifi representa o desejo do mercado por alternativas sustentáveis, aponta o WGSN. Da mesma forma, o Newlife da Sinterama é um fio de poliéster reciclado que usa menos 94% de água e menos 60% de energia do que o poliéster virgem. Para aplicação em malhas, o gabinete de tendências destaca a Green Wool da E. Miroglio, uma coleção para o outono-inverno 2019/2020 que mistura lã merino com poliéster reciclado Newlife.

Os desenvolvimentos que podem ser usados em aplicações de outdoor e activewear incluem o Evo da Fulgar. O fio de biopoliamida usa fontes renováveis de óleo de rícino para criar um fio leve e com elasticidade.

Veículo: Portugal Têxtil

Seção: Têxtil



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