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A Calçados Bibi, fabricante de sapatos infantis com sede em Parobé (RS), vai dar início em outubro à venda on-line de produtos na China, com o envio dos pedidos do Brasil diretamente para o consumidor chinês. A iniciativa é a primeira do tipo no setor calçadista, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). 

"Quando fomos para a China, no ano passado, vimos que existem 300 milhões de chineses de classe média alta, com interesse em produtos importados, com diferenciação de marca. E havia oportunidade de atingir diretamente esses consumidores", afirmou Magnus Oliveira, gerente de exportações da Calçados Bibi. 

A Bibi fará a venda pelo aplicativo Little Red Book (Xiaohongshu), uma plataforma semelhante ao Pinterest, mas que permite a compra on-line. O Xiaohongshu tem como foco a venda de produtos importados de moda e beleza, que são enviados individualmente do vendedor para o comprador. 

O serviço tem mais de 60 milhões de usuários na China. A maioria é formada por mulheres da classe média, com idades entre 25 e 35 anos. Em junho deste ano, o aplicativo chinês recebeu um aporte de US$ 300 milhões, feito por um grupo de investidores liderados pelo Alibaba, avaliando a companhia em US$ 3 bilhões. 

Na China, o perfil no RED será administrado pela empresa ING, que será responsável ainda pelo processo de compra e entrega ao cliente. A Bibi vai patrocinar alguns influenciadores digitais na China para divulgar a marca. 

O envio será feito a partir do Brasil pelos serviços da UPS ou da DHL. O custo médio do frete para envio de um par de calçados do Brasil para a China será de US$ 16.

Segundo Oliveira, esse custo é mais baixo do que a venda feita por meio de distribuidores locais. "Na exportação tradicional, o produto passa por muitos distribuidores até chegar ao varejo chinês. O custo do calçado chega a ficar cinco vezes mais caro do que o preço do produto quando é embarcado no Brasil", afirmou. A Bibi espera ter uma margem bruta de lucro 50% maior com a venda direta pelo aplicativo, do que se contratasse um distribuidor local.

A Calçados Bibi exporta produtos com sua marca para a China desde 2013, por meio de distribuidores locais e sites de comércio eletrônico. A marca está presente em redes como a loja de departamentos Isetan, localizada na Nanjing Road (um dos destinos comerciais mais disputados da China), e a rede SKP Beijing. Na internet, está presente em sites como Tmall, Taobao e Mei.com. 

Oliveira disse que a Bibi desenvolveu uma coleção de 15 a 20 itens para venda exclusiva no aplicativo RED.

A Calçados Bibi exportou no ano passado em torno de 70 mil pares de calçados para a China. As vendas para esse país cresceram 73% em 2017. A expectativa de Oliveira é de um avanço da ordem de 70% neste ano. Ao todo, as exportações da empresa somaram 700 mil pares em 2017, uma alta de 10%. A expectativa para este ano é um crescimento em torno de 20%. A empresa exporta 26% da sua produção para 70 países.

Em 2017, a receita da companhia somou cerca de R$ 270 milhões, segundo fontes do mercado. Para este ano, a Calçados Bibi prevê crescimento de 10% a 12% nas vendas no mercado brasileiro. 

O projeto de venda direta para a China foi desenvolvido em parceria com a Abicalçados. Os produtos aparecem no aplicativo dentro do perfil "Brazilian Footwear Store", criado pela Abicalçados. "A ideia é ter marcas brasileiras de calçados, com diferentes perfis, para venda no mercado da China", disse Ruísa Scheffel, analista de promoção social da Abicalçados. A associação negocia a entrada de outras cinco fabricantes no projeto, com foco no público adulto.

O trabalho da Abicalçados para estimular as exportações para a China começou em 2009. Naquele ano, os embarques para o país somaram 125,8 mil pares, movimentando US$ 2,4 milhões. No ano passado, chegaram a 1,5 milhão de pares, com crescimento de 69,4% em relação a 2016. Em valor, as exportações atingiram US$ 12 milhões com aumento de 103,4% em relação ao ano anterior.

Veículo: Valor Econômico

Seção: Empresas