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Mídias sociais viram poderoso canal de vendas
Nada menos do que US$ 6,5 bilhões foram comercializados pelas 500 principais empresas de varejo dos Estados Unidos em 2017 com transações via redes sociais, de acordo com dados da Adweek. O movimento, que começou de forma informal há pouco mais de três anos, ganha cada vez mais força, transformando as mídias sociais em canais poderosos.
Uma prova disso é que 41% das marcas ouvidas pelo estudo Influência e Plataformas Sociais 2018, realizado pela empresa de pesquisas Gartner L2, lançaram nas social mídias um "botão" de direcionamento de compra para o site da marca. Os resultados surpreendem até gigantes do mercado como a Nike que, em menos de uma hora, vendeu o estoque completo de um determinado modelo de calçado via chatbot do Facebook.
No Brasil, o cenário não é diferente. De pequenas a grandes empresas, todas estão de olho no canal. É o caso da Buh, marca de fashion soccer, com pouco mais de dois anos de mercado. "Desde o início o Instagram funciona como ponto de divulgação da coleção, enquanto o WhatsApp representa 5% do volume de vendas, que gira em torno de R$ 1 milhão por mês", afirma o consultor da marca Maurício Santos. "São cerca de 50 mensagens por dia, das quais 50% são convertidas em venda."
Quem também adota a mesma linha é a Joplins Sunglasses, fabricante de óculos ecologicamente corretos, feitos de algodão, bambu e madeira. "Desde 2016, quando a marca foi lançada usamos as redes sociais como canal de alavancagem das vendas off-line", diz o sócio Rafael Dutra. "Primeiro, o Instagram direcionava as transações para a loja virtual e desde a abertura do Instagram Shop Fit esse caminho se tornou ainda mais curto e eficiente", afirma ele. Cerca de 30% das vendas acontecem a partir das redes sociais, algo em torno de 50 transações mensais, com tíquete médio na casa dos R$ 400. A receita nas mídias sociais é de R$ 20 por mês.
Os números referem-se apenas ao mercado brasileiro, onde, na visão de Dutra, há muito espaço para crescer nesse canal. "O brasileiro ainda tem um certo receio em disponibilizar seus dados, fica com medo do produto não chegar", afirma. "Diferentemente dos Estados Unidos e Portugal, onde temos duas grandes bases de venda para todo o mundo".
Apostar no Instagram tem sido uma estratégia adotada por um número cada vez maior de marcas. Dados revelados pela própria plataforma assinalam que apenas no mês de abril deste ano foram realizadas mais de 180 milhões de vendas no ambiente do aplicativo. Trata-se da rede social que mais cresce no mundo. São 500 milhões de contas, desse total, mais de 35 milhões de usuários só no Brasil, o equivalente a 7% do volume global.
Mas há apenas há cinco meses os brasileiros podem realizar suas compras pelo próprio aplicativo, algo que os americanos já tinham à disposição desde 2017. Nos Estados Unidos, segundo levantamento da Shopify, a rede social registra um tíquete médio por pedido de US$ 65, contra US$ 59 do Pintarest e US$ 55 do Facebook.
A nova ferramenta disponibilizada pelo Instagram facilita a relação de compra e venda e vem ao encontro da tendência global "see now, buy now" - em português, veja agora e compre agora. "Na verdade, o que essas plataformas fizeram foi institucionalizar uma prática já adotada pelos consumidores, com mais segurança e ferramentas facilitadoras", afirma Luiz Arruda, diretor da WGSN Mindset, especializada em tendências de comportamento e consumo.
A empresária de moda Rafaella Lizot, dona da Rive Beachwerar, especializada em moda praia confirma na prática o crescimento desse movimento. Desde que começou a comercializar seus biquínis em 2013 tem na loja virtual um canal importante. "De uns dois anos para cá o Instagram começou a se tornar um canal importante, impactando em 50% das vendas", declara. "Antes, as clientes faziam perguntas, hoje efetivamente compram". Ela conta que até pequenas exportações feitas pela marca começaram nas redes sociais.
Foi com o objetivo de realizar a venda completa com poucos cliques, que Juliana Maiklein lançou em abril deste ano a Wishare, plataforma que trabalha como rede social, marketplace e e-commerce, conectando compradores e varejistas pelo canal. "Somos a única rede social com esse perfil", afirma a empresária, salientando que se trata de um shopping dentro do aplicativo. Em pouco tempo de operação, a Wishare já conta com 200 lojas cadastradas, de todos os portes, e 20 mil usuários. A meta é fechar 2019 com aproximadamente R$ 10 milhões em transações.
Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas
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