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Economia da China desacelera em julho e derruba preços do minério

Os preços de minerais e metais caíram nesta terça-feira (14) em uma nova rodada de preocupação do mercado quanto à sustentabilidade do crescimento chinês, especialmente com o país envolto em uma grande disputa comercial com os Estados Unidos..

Durante a madrugada, o Escritório Nacional de Estatísticas da China divulgou números da economia piores do que o esperado. A produção industrial, por exemplo, subiu 6% em julho, contra o mesmo mês do ano passado, mantendo mesmo ritmo de junho, mas com desaceleração ante abril e maio. Já a formação bruta de capital fixo teve alta de 3%, a menor da série história de duas décadas do governo.

Os chineses são os maiores compradores do mundo de commodities minerais e metálicas, então indicadores do país em geral são uma boa maneira de se projetar a demanda pelas matérias-primas. 

Em resposta aos dados ruins, o minério de ferro de 62% de pureza caiu 0,7%, para US$ 68,02 a tonelada, segundo a “Metal Bulletin”. No mercado futuro, a reação foi pior: recuo de 1% na Bolsa de Commodities de Dalian, para 506,50 yuans (US$ 73,40).

A Bolsa de Metais de Londres (LME, na sigla em inglês) também sentiu o impacto, com queda de 0,12% do alumínio, para US$ 2.077,50 a tonelada, de 0,46% do cobre, para US$ 6.101, e de 0,66% do níquel, para US$ 13.440. 

Os principais fatores que pesam sobre a economia da China são a campanha de desalavancagem do governo e a disputa comercial com os Estados Unidos”, comenta o banco alemão Commerzbank, em nota. “Enxergamos mais riscos de desaceleração para a atividade chinesa nos próximos meses, dado que a oferta de crédito segue perdendo ritmo. Por outro lado, a perda de ritmo no investimento em infraestrutura deve chegar ao piso em breve”, escreve a consultoria Capital Economics. 

Esse tombo na economia da China reverteu expectativas até aqui positivas especialmente para o mercado de ferrosos. Assim como no ano passado, o governo vai ordenar a parada temporária de parte da capacidade produtiva de siderurgia por motivos ambientais, mas dessa vez o escopo regional provavelmente será maior. 

Apesar de isso potencialmente significar que haverá menor produção de aço e, consequentemente, consumo de minério e carvão, em geral as usinas se preparam para fabricar o máximo possível antes da temporada de paralisações, elevando os preços desses produtos. Para o aço, a notícia é estruturalmente positiva em mais médio prazo, já que os cortes ajudam a resolver o excesso de oferta e elevam preços.

Tanto que o efeito dos dados econômicos chineses sobre a cotação do aço foi limitado. Na Bolsa de Futuros de Xangai, a bobina a quente recuou 0,1%, para 4.227 yuans a tonelada, mas o vergalhão teve alta de 1,1%, para 4.327 yuans. 

Mesmo para o minério, a perspectiva não tem se alterado. A Fitch Solutions (ex-BMI Research), consultoria da agência de classificação de risco de mesmo nome, manteve hoje sua estimativa de média em US$ 60 para 2018, ante US$ 64 até agora no ano. “No longo prazo, uma tendência de queda será mais aparente, e esperamos instabilidade no mercado à medida que as reformas econômicas e ambientais da China criam, de tempos em tempos, equilíbrio de oferta e demanda”, explica a instituição. 

“Esse é um mercado [de ferrosos] que continua a divergir consideravelmente dos metais”, comenta Edward Meir, analista da consultoria INTL FCStone. “Estamos convencidos de que o governo chinês manterá a oferta suficiente para a construção de infraestrutura, essencial para a economia local”, comenta Carsten Menke, do banco suíço Julius Baer, em relatório. 

O Bank of America Merrill Lynch (BofA) acredita que a diferença de performance entre as diferentes commodities minerais faz sentido no contexto das restrições de capacidade. O banco acredita que a valorização tem espaço para continuar. “Como a disputa comercial entre Estados Unidos e China não deve se resolver imediatamente, a dinâmica atual sugere que essas commodities seguem como opção defensiva.”

Veículo: Valor Econômico

Seção: Empresas



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