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Apostas em estabilidade da Selic ganham força no mercado

As apostas no mercado de juros começam a convergir para um cenário em que uma alta da taxa Selic não deve vir, pelo menos, na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira. As taxas futuras da B3 indicam 59% de chances de estabilidade do juro básico, a 6,50% ao ano, algo que parecia distante há algumas semanas quando se debateu, inclusive, um brusco aperto monetário.

Boa parte do alívio é atribuída ao comportamento do dólar que se afastou do patamar de R$ 4 sob as contínuas intervenções do Banco Central. Foram injetados US$ 39,6 bilhões em contratos de swap cambial no mercado desde meados de maio, mais que dobrando o estoque do derivativo, para US$ 63,4 bilhões. E nesta semana, a estimativa do BC é ofertar um total de US$ 10 bilhões nessas operações, que têm efeito similar à venda de dólar no mercado futuro.

Para o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, o BC tem conseguido, mesmo que temporariamente, eliminar o movimento especulativo no câmbio. "A incerteza deve manter o dólar com tendência de alta, mas num ritmo bem mais gradual por causa da atuação do BC."

Ontem, a divisa americana fechou em leve ganho de 0,29%, a R$ 3,7398. O avanço, entretanto, não é mais intenso do que se viu em outros mercados emergentes. E sem uma grande pressão vinda do câmbio, os juros futuros encontraram espaço para queda em quase todos os vencimentos. A taxa do contrato de juros DI para janeiro de 2019, que tem prazo mais curto, teve baixa de 14,5 pontos-base a 7,155%. 

"Se a volatilidade continuar controlada, o mercado vai ver que não terá no curtíssimo prazo motivo para uma ação emergencial do BC na taxa de juros. Até sexta-feira víamos um processo de deterioração mais forte do cenário, mas agora observamos um alívio", explica João Fernandes, economista da Quantitas.

Essa trégua, inclusive, abre oportunidades para aplicações no mercado. O Itaú estava fora das taxas brasileiras desde abril de 2018 por causa do aumento dos riscos locais e globais. "Agora, nós acreditamos que há uma oportunidade no início da curva porque o mercado precificou um ciclo de aperto [monetário], e o nosso cenário base é que o BC manterá a taxa de juros estável em 6,50% até o final deste ano", afirma a equipe do banco brasileiro. 

A expectativa de 44 dos 45 economistas ouvidos pelo Valor é de manutenção da Selic em 6,5%, sendo que a maioria (40) não espera nenhuma mudança em 2018. O risco para um prazo um pouco mais longo, entretanto, ainda não foi apaziguado entre os investidores. As taxas dos DIs projetam aperto total de 2 pontos percentuais até o fim do ano.

O mercado acaba sofrendo pelas fragilidades de uma cena política e fiscal não resolvida. Tanto é que os ativos têm revelado elevada sensibilidade a relatos vindos de Brasília, o que pode se agravar com as futuras pesquisas de intenção de votos e a proximidade com a eleição. 

Por causa dos riscos à frente, o banco Fibra não descarta uma elevação da taxa Selic ainda em 2018. A condição, entretanto, é uma depreciação cambial ou algum outro tipo de choque que seja forte o suficiente para afetar as expectativas para a inflação no horizonte relevante da política monetária do Banco Central.

"Acreditamos que o Copom poderá endurecer moderadamente seu discurso não descartando a possibilidade de elevação da taxa de juros ainda em 2018", dizem os especialistas da casa.

Veículo: Valor Econômico

Seção: Finanças



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