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Ivan Monteiro assume com missão de vender ativos e reduzir endividamento

O novo presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, assume o comando da estatal com a missão de entregar ao mercado duas grandes metas de curto prazo que ele mesmo já vinha conduzindo como diretor financeiro da petroleira: vender mais US$ 16,5 bilhões em ativos até o fim do ano e encerrar 2018 com endividamento líquido 5,4% menor, na casa dos US$ 77 bilhões. O conselho de administração da estatal, reunido ontem à noite, aprovou efetivar Monteiro no cargo de presidente da companhia. Ontem, as ações da empresa mostraram reação positiva à escolha. 

"Em linhas gerais acredito que os desinvestimentos continuarão. Ele [Ivan] já estava mergulhado nesse processo", disse o gerente regional de óleo e gás para a América do Sul da consultoria DNV GL, Alex Imperial. O consultor João Carlos de Luca, da De Luca Energy Consulting, por sua vez, acredita que a meta de desinvestimentos da estatal, de US$ 21 bilhões para o biênio 2017/2018, é factível.

Dessa meta, a companhia já anunciou US$ 4,45 bilhões em parcerias e venda de ativos desde o ano passado. Foram anunciadas, no período, a venda de 25% do campo de Roncador, na Bacia de Campos, para a Equinor (exStatoil), por US$ 2,9 bilhões; a alienação de 100% do campo de Azulão, no Amazonas, para Eneva (US$ 54,5 milhões); e a abertura do capital da BR Distribuidora, que levantou R$ 5 bilhões (US$ 1,5 bilhão) no ano passado.

"Há uma série de desinventimentos em andamento. Acredito que a solução dada, a escolha de Ivan Monteiro, foi positiva. Ele conhece a casa, tem contato com o governo. Qualquer outro de fora que entrasse no lugar do Pedro Parente demandaria mais tempo para se inteirar dos assuntos. E hoje não há espaço para perda de tempo", disse De Luca.

Ao todo, a Petrobras tem, neste momento, nove negociações em fase vinculante. O principal destaque gira em torno da venda da Transportadora Associada de Gás (TAG), que pode render entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões à companhia, segundo estimativas do UBS. Também estão em fase vinculante a venda da refinaria de Pasadena (EUA) e da PetroÁfrica, os ativos de distribuição de combustíveis do Paraguai, dentre outros. 

Para De Luca, os próximos meses serão críticos para a viabilização dos desinvestimentos da Petrobras no refino. O sucesso do negócio, segundo ele, dependerá do sinal que o governo dará ao mercado durante o debate sobre as soluções para atenuação do aumento dos preços dos combustíveis no mercado nacional. 

"Se for adotado, por exemplo, uma flutuação de impostos que compense as variações e preserve a política de preços da Petrobras, acredito que o interesse em refino possa continuar" afirmou. 

Para o professor do Instituto de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Hélder Queiroz, o plano de venda das refinarias ficou comprometido após as recentes mudanças na política de reajustes diários, que lançaram incertezas sobre a política de preços dos combustíveis.

Além de reduzir a frequência dos reajustes, para periodicidade mensal, o governo também anunciou, nas últimas semanas, uma subvenção à estatal, para redução dos preços do diesel nas refinarias.

"Se houver alguma empresa interessada em ser parceira da Petrobras, ela vai esperar a implantação de uma outra regra [um novo modelo de política de preços dos  combustíveis]", disse o professor. "Dado, inclusive, que este é um ano eleitoral e o governo só tem mais seis meses, a decisão de investimento [em refino este ano] ficou realmente impactada", completa.

A aceleração esperada do programa de desinvestimentos da Petrobras no segundo semestre promete também impulsionar o movimento de fusões e aquisições na área de óleo e gás no Brasil este ano. Segundo a KPMG, só no primeiro trimestre o número de operações cresceu três vezes, na comparação com igual período do ano passado. Das 24 operações realizadas entre janeiro e março, 20 envolveram uma companhia de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de uma empresa brasileira, um ativo estabelecido no país.

Veículo: Valor Econômico

Seção:  Brasil



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