Notícias

Desemprego eleva 'negócio próprio' na pequena indústria

A recessão aumentou o número de pessoas que abriram o seu próprio negócio após perder o emprego, o chamado "empreendedorismo por necessidade", também na micro e pequena indústria. Segundo o Perfil do Empreendedor - que integra a 61ª rodada do Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria de São Paulo - 45% dos empresários deste ramo no Estado estavam desempregados quando iniciaram suas atividades. Em 2014, esse percentual era de 35%, de acordo com a pesquisa encomendada ao Datafolha pelo Simpi-SP, o sindicato que representa essas companhias. 

Na contramão, a fatia daqueles que saíram da ocupação anterior para abrir uma micro e pequena indústria diminuiu de 62% para 51% em quatro anos. A maioria dos micro e pequenos industriais paulistas ainda avalia que sua situação financeira melhorou após ter se tornado empreendedor, mas essa proporção também recuou entre 2014 e 2018, de 68% para 58%. Já aqueles para quem a situação financeira está pior do que antes avançou em igual comparação, de 14% para 26%. 

Para tentar compensar a piora, os donos das empresas estão trabalhando mais do que no período anterior à crise. Ao todo, 55% trabalham nove horas ou mais por dia, sete pontos percentuais a mais do que em 2014. Outros 49% trabalham seis ou sete dias por semana atualmente, mesma proporção registrada na edição anterior da enquete. 

Em 2014, 69% dos pesquisados afirmaram que a vida havia melhorado após a abertura de suas empresas, parcela que recuou para 54% este ano. Na visão de Couri, as dificuldades impostas pela crise, que reduziu a demanda por bens industriais e o acesso do empresariado ao crédito, explicam a percepção mais comedida sobre o impacto dos negócios na vida pessoal. 

Na próxima rodada do indicador, o Simpi-SP vai divulgar um perfil mais detalhado do micro e pequeno empresário industrial de São Paulo, observa o presidente da entidade. Por ora, é possível afirmar que empreender foi uma tentativa de sobrevivência para muitas pessoas que perderam o emprego durante a crise.

Os dados de curto prazo que compõem o Indicador de Atividade regularmente mostraram situação um pouco mais favorável das empresas. A percepção dos industriais ouvidos sobre faturamento, margem de lucro e nível de atividade melhorou na passagem mensal, o que se refletiu em alta do Índice de Satisfação das indústrias pesquisadas, de 91 pontos em fevereiro para 102 pontos em março.

A maior expansão ocorreu no índice de faturamento, que subiu 15 pontos na passagem mensal, para 96 pontos. O indicador que mede a satisfação do empresariado com a margem de lucro passou de 80 para 92 pontos em igual comparação, enquanto a avaliação sobre a situação da empresa aumentou para 102 pontos no mês passado, ante 91 pontos na medição anterior. 

Para Couri, os dados de março apontam um quadro de recuperação das empresas, mas a custo de demissões e cortes de despesas. O índice referente ao nível de emprego ficou praticamente estável ante fevereiro, ao recuar um ponto, para 96 pontos. No entanto, a parcela de indústrias que relatou ter dispensado funcionários no mês anterior à pesquisa avançou de 13% para 17%.

"O aquecimento econômico não está vindo e por isso as empresas precisam se adequar", diz. Na avaliação do presidente do Simpi, o principal problema enfrentado pelos micro e pequenos industriais no momento ainda é a falta de demanda, seguida do acesso ao crédito, ainda restrito. 

Em março, 11% dos empresários consultados tentaram contratar empréstimos e/ou financiamentos. Desses, 59% não conseguiram. Para 43% do total de empresas, a maior dificuldade na obtenção de crédito ainda reside na taxa de juros. Como reflexo dessa restrição, 52% das micro e pequenas indústrias paulistas avaliam o nível de capital de giro atual como insuficiente.

Veículo: Valor Econômico

Seção: Brasil



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar