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Bolsa bate novo recorde influenciada pelos EUA

Veículo: Estadão 

Seção: Economia 

O principal índice da bolsa paulista fechou em alta pelo sexto pregão seguido nesta quarta-feira, 21, indo acima dos 87 mil pontos pela primeira vez na história, diante da manutenção de fluxo de investidores e com a ata do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, sinalizando que manterá ritmo gradual de aumento de juros na maior economia do mundo.

O Ibovespa fechou em alta de 0,29%, aos 86.051,81 pontos, batendo o recorde do índice pelo segundo dia consecutivo. 

No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,21%, cotado a R$ 3,2660, não muito distante da máxima, de R$ 3,2700 (+0,33%). Os negócios somaram US$ 818 milhões, segundo dados da B3. No mercado futuro, o dólar para liquidação em março avançou 0,49%, aos R$ 3,2750, com US$ 16 bilhões.

“O gradualismo (na alta dos juros nos Estados Unidos) segue na mesa por enquanto... É preciso maior sequência animadora de dados inflacionários”, afirmou o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado.

Por meio da sua ata, o Fed mostrou mais confiança na necessidade de continuar elevando os juros em seu último encontro de política monetária, com a maioria acreditando que a inflação vai subir. A visão sobre inflação vai provavelmente consolidar expectativas de que o chair do Fed, Jerome Powell, vai liderar seus colegas na elevação de juros no mês que vem.

A curva de juros de curto prazo nos Estados Unidos precificava, depois do documento, três aumentos de juros na economia norte-americana neste ano, como sinalizado pelo próprio Fed.

“Quatro aumentos no custo do empréstimo dos EUA em 2018 seria ‘exagerado’ e poderia travar o crescimento da economia norte-americana, respigando na expansão global”, disse um estrategista de mercado de um banco nacional.

Dados recentes de salário e emprego acenderam apostas de que o Fed poderia ser mais duro ao subir as taxas de juros neste ano, o que levou a uma forte correção nos mercados, sobretudo de ações.

Câmbio. Após o anúncio do Fed, a primeira reação dos mercados foi de mais alta nas bolsas e mais quedas do dólar ante moedas fortes e emergentes, com a percepção de que estaria afastada, por ora, a possibilidade de haver quatro altas de juros neste ano. Outras interpretações, porém, levaram em conta o fato de a última reunião do Fed ainda ter sido realizada sob o comando de Janet Yellen e também por ter ocorrido antes que se tenha percebido a aceleração da inflação nos Estados Unidos, por exemplo. Foi o suficiente para a virada das cotações lá fora e aqui.

"É natural que haja diferentes interpretações da ata, mas creio que a tendência é o Fed não ser tão ofensivo. Há indicadores mostrando maior inflação e aumento nos salários, mas são dados de apenas um mês. Não é porque um dado veio mais forte que o aperto monetário mais forte já seja tendência", disse José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos, que acredita que o Fed tenderá a ser "mais paciente" com os sinais de aquecimento econômico.

Profissionais do mercado ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmaram que o cenário doméstico nada acrescentou ao mercado de câmbio, que segue sem alimentar expectativas em relação ao front político e econômico. "Entende-se no mercado que temos um Congresso paralisado e tudo já está relativamente precificado. Por outro lado, temos um movimento positivo na Bolsa e no mercado de juros, além de um Banco Central que oferece hedge por meio dos leilões de swap", disse Durval Corrêa, operador da corretora Multimoney.

Pela manhã, os operadores já identificavam o fluxo de ingresso para o mercado acionário, o que teria justificado a baixa do dólar durante praticamente todo o período. Também havia contribuído a fala do presidente do Fed de Filadélfia, que não vota nas reuniões de política monetária, mas que defendeu apenas duas altas de juros nos EUA este ano. Também mais cedo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afastou a possibilidade de elevação de impostos neste ano, outro fator que ajudou a tirar pressão do câmbio.

Destaques. Até pouco antes das 17h, as ações da Eletrobrás vinham repetindo a tendência de terça-feira, 20, com as maiores altas do Ibovespa. No entanto, o fluxo de notícias sobre o processo de privatização fez com que a ação passasse por oscilações na última hora de pregão. Depois de chegar a registrar queda, a estatal voltou a subir com declarações do relator do Projeto de Lei da privatização na Câmara, José Carlos Aleluia (DEM-BA). Rumo foi um dos destaques positivos do índice, com as perspectivas positivas sobre a companhia. Na ponta negativa, Magazine Luiza passou por realização.

As ações da Eletrobrás fecharam com avanços de 2,05% (ON) e 1,30% (PNB). Relator do projeto de privatização da Eletrobrás na Câmara, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) disse que trabalha para que a proposta seja votada na Comissão Especial da Casa na primeira quinzena de abril.

Aleluia esteve na residência oficial da Câmara, onde se reuniu com o presidente da Casa, Rodrigo Maia, e o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Junior. Segundo Aleluia, Ferreira Junior teria pedido a ele que a tramitação do projeto fosse acelerada. "Vou trabalhar nesse sentido", disse.

As ações da estatal vinham acumulando valorizações superiores a 15% em dois dias, com a ação PNB chegando a subir mais de 8% no meio da tarde desta quarta-feira.

A maior alta do índice ficou com Lojas Americanas PN (+4,02%). Operadores não souberam apontar uma notícia que pudesse justificar o movimento, e levantam a possibilidade de que os investidores tentam aproveitar uma oportunidade de preço.

A ação registra uma defasagem grande em relação a outras redes varejistas do índice, como Pão de Açúcar e Magazine Luiza, e até mesmo na comparação com sua controlada B2W, que acumula valorização de 85% em 1 ano, enquanto Lojas Americanas zerou as perdas acumuladas no período.

Magazine Luiza ON, por outro lado, fechou com queda de 4,16% hoje. O papel acumula valorização de 240% em um ano, e vinha de duas altas seguidas com avanço acumulado de 5,5%.

Telefônica Vivo PN fechou com queda de 1,11%. A companhia fechou o quarto trimestre de 2017 com lucro líquido recorrente de R$ 1,635 bilhão, o equivalente a uma alta de 30,9% em relação ao mesmo período de 2016.

Em relatório, o Credit Suisse considerou os números fracos, e destacou a desaceleração nas receitas com serviços móveis. Além disso, os analistas ressaltaram que a expansão da margem manteve o mesmo patamar dos trimestres anteriores, mesmo com a contribuição da redução dos impostos.

Destaque negativo do Ibovespa ficou com Ambev ON (-1,37%). O Credit Suisse traçou cenários de crescimento para a fabricante de bebidas no longo prazo, levando em conta a recente alta de impostos sobre vendas de cerveja de 30% para 43% da receita bruta.

O cenário base do Credit Suisse leva em conta uma recuperação moderada nos volumes da indústria, voltando aos níveis de 2012 apenas em 2021. Para a Ambev, o crescimento médio no volume entre 2017 e 2022 esperado é de 2,4%, com a companhia mantendo o market share em 69% a partir de 2018, e um crescimento anual médio do Ebitda de 10,7% no mesmo período.



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