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Racionalidade do consumidor vai prevalecer

Veículo: Valor Econômico 

Seção: Empresas 

O comportamento racional do consumidor brasileiro, cultivado durante a crise, deverá prevalecer nos próximos anos. Compras sem planejamento, que marcaram a última década, não retornarão com força porque as referências de preço e percepção de valor adquiridas no período de turbulência econômica tornaram o público mais consciente. Ernesto Teixeira, novo presidente no Brasil da Nielsen, a maior empresa do mundo de pesquisa, com US$ 6,3 bilhões de receita em 2016, afirmou que a alimentação dentro de casa, a opção por marcas mais acessíveis, as embalagens econômicas e a busca por canais alternativos para se abastecer, como o atacarejo, vão prevalecer após a recuperação econômica.

"Nos últimos três anos, o consumidor aprendeu a gerenciar seu orçamento. Durante o período de maior poder de compra, comprou os produtos mais práticos e saudáveis e luta para manter isso. Quando submetido a situações difíceis, aprende a desembolsar de forma coerente. Esses novos hábitos são levados para o futuro", disse o executivo, em entrevista ao Valor. Teixeira comentou que a inflação, o desemprego e a crise de confiança criaram uma situação pouco favorável para as famílias e as empresas. A combinação desses fatores foi nociva à indústria de bens de consumo, pois afetou negativamente a renda da população.

Em 2016, as 130 categorias de consumo auditadas pela Nielsen registraram queda de vendas de 5,7%. No primeiro semestre deste ano, o recuo foi menor, de 5,2%, na comparação anual. Entre os clientes da consultoria existe otimismo em relação ao retorno da demanda. "Dados preliminares do painel domicílios indicam uma importante recuperação do equilíbrio do orçamento e retomada das despesas de consumo. A confiança, portanto, está se recuperando.

" Vão obter os melhores resultados as empresas que souberem adequar suas ofertas ao consumidor pós-crise, que não voltará ao padrão anterior, afirmou o especialista. "Os indicadores de 2018 vão confirmar essa tendência". Segundo o presidente da Nielsen, nos países onde atuou, como Turquia, Portugal, França e Itália, as decisões de compra mudaram consideravelmente após a crise. "Felizmente, nesses períodos, as atividades da Nielsen tornam-se mais relevantes para mitigar riscos dos clientes e identificar oportunidades de crescimento", disse. A filial brasileira está entre as dez mais importantes da companhia, cujas ações são negociadas na bolsa de Nova York. No ano passado, registrou lucro global de US$ 502 milhões, com queda de 11,9% frente a 2015.

Entre janeiro e setembro deste ano, os ganhos cresceram 1,45%, para US$ 348 milhões. Os negócios no país crescem menos no acumulado do ano quando comparados com 2016. "É algo normal, considerando a situação atual do país. Temos 200 milhões de consumidores e isso requer a ampliação da oferta de produtos e serviços. O Brasil está no grupo com maior potencial de crescimento", disse o executivo português, que já comandou a área de recursos humanos da empresa no país entre 1997 e 1998. A meta do novo presidente é implantar no Brasil as plataformas de produção de dados mais modernas usadas pela Nielsen no exterior, após as aquisições da Pointlogic e da GraceNote, feitas no ano passado. A primeira tem uma tecnologia que analisa o retorno de marketing sobre investimento e a outra é uma empresa de estatísticas sobre mídia.



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