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Investidor questiona potencial adicional para novos recordes

Veículo: Valor Econômico 

Seção: Finanças 

As ações americanas atingiram oito meses consecutivos de ganhos - a melhor série em uma década - e buscam em dezembro a oportunidade de somar o nono mês de um ano estelar. O índice FTSE All-World, que mede o desempenho de ações nos principais mercados, está hoje com 13 meses seguidos de ganhos. 

Para Wall Street, muito das perspectivas depende de duas grandes questões políticas. Uma é o progresso no Congresso dos EUA do pacote de reforma tributária republicana, que impulsionou os negócios com ações e títulos de renda fixa até o final da semana passada.

A aprovação pelo Senado dos EUA, no sábado, da proposta de cortes relevantes de impostos para as empresas abre caminho para passar a reforma tributária do presidente Donald Trump nas próximas semanas.

 Essa perspectiva tem levado a uma mudança do impulso do mercado dos papéis, do setor de tecnologia para as chamadas ações cíclicas, como as financeiras, o que também dominou o ritmo dos negócios na semana passada. Isso ocorre enquanto toma forma o próximo vetor de alta das ações, agora que parece um tanto envelhecida a tendência atual de alta das bolsas e conforme ganha corpo a percepção de que a reforma tributária de fato será aprovada nos EUA. 

A outra questão-chave é as consequências para a administração de Donald Trump depois que Michael Flynn, ex-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, se declarou culpado ao mentir para o FBI sobre contatos com o embaixador russo em Washington. Esse desenvolvimento liderou Wall Street bruscamente para baixo na última sexta-feira. 

Essas duas questões se somam à história conhecida de desempenho dos mercados no último mês do ano. Jim Strugger da MKM Partners observa que, nos últimos 70 anos, dezembro produziu a maior porcentagem de retornos positivos (75%) e maior ganho médio (+1,5%). 

O mercado de trabalho dos EUA também deve trazer nesta semana dados relevantes para compreender a dinâmica da geração de vagas pela economia americana após a distorção causada pelo impacto da recente temporada de furacões. Os números do chamado "pay roll" de novembro podem fornecer uma imagem mais clara sobre a criação de empregos e o crescimento dos salários antes da reunião do Federal Reserve, o banco central americano, em 13 de dezembro, que deve elevar mais uma vez as taxas de juros.

 As estimativas de geração de 200 mil novos empregos estão na média das enquetes com os analistas. Também chama a atenção a taxa de desemprego, que ao longo do ano vem caindo inexoravelmente para o patamar de 4%. As surpresas positivas, em particular sobre os salários, poderiam ser o prelúdio de um aumento do dólar no final do ano, além de uma elevação no rendimento das taxas de mercado e um tom mais "hawkish" do Fed.

A trajetória do dólar foi contida nos últimos dias por dúvidas dos investidores em relação ao avanço do pacote de reforma tributária, mas o voto de sábado no Senado limitou substancialmente esse obstáculo. No final desta semana, o ambiente deverá se tornar mais claro para saber como será a tendência para o restante do ano desses ativos. 

Em relação ao Brexit, a libra aumentou recentemente a taxa de câmbio para acima de US$ 1,35, mas ficou significativamente atrasada em relação ao euro. Isso reflete, em parte, a fraqueza do dólar e uma persistente sensação de cautela sobre as perspectivas da libra esterlina. Um sinal claro de crescente confiança em um acordo para o Brexit seria um forte impulso para a valorização da libra em relação ao euro.

Enquanto o governo britânico se prepara para negociações difíceis em Bruxelas, no meio deste mês, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, encontrará Michel Barnier, o principal negociador da União Europeia, e o presidente da comissão, Jean-Claude Juncker, nesta segunda. 

Embora os recentes sinais de progresso nas principais áreas de negociação sugerem que os assessores políticos estão orientando os dois lados para um acordo cuidadosamente gerenciado, "ainda há trabalho a ser feito em várias áreas", dizem os economistas da Investec. "O movimento recente nas propostas para encerrar o divórcio do Reino Unido parece ter aumentado as chances de um resultado positivo para essa reunião, configurando as coisas de forma positiva no encontro daqui dez dias", de acordo com George Brown, da Investec.

Nos mercados emergentes, os emissores tiveram um ano de sucessivos recordes de captação de recursos. No entanto, os banqueiros esperam que as festas de final de ano reduzam o ritmo de emissões nas próximas semanas.

Com mais de US$ 1,5 trilhão em novas emissões de dívida neste ano, mais uma semana de negociações poderia ajudar a levar 2017 ao topo do recorde de US$ 1,7 trilhão de novos títulos emitidos pelos países emergentes. A onda crescente de aumento da dívida corporativa emergente provavelmente continuará no início do ano que vem, uma vez que uma grande parte dos emissores devem retornar ao mercado para refinanciar suas dívidas em vencimento. 

A demanda dos investidores deve continuar elevada, após o recuo no mês passado das emissões de ativos de países emergentes, mas há dúvidas se esse humor favorável continuará nos próximos meses. 

Nas sexta, as bolsas de Nova York interromperam o rali em meio às turbulências políticas envolvendo o governo do presidente Trump. Mesmo com o soluço, o Dow Jones teve a sua melhor semana do ano, com valorização de 2,9%, depois de ter ultrapassado na véspera, pela primeira vez na história, a barreira dos 24 mil pontos. No fim da sessão, os índices conseguiram se afastar das mínimas. Dow Jones caiu 0,17%, para 24.231,59 pontos e S&P 500 recuou 0,20%, a 2.642,22 pontos. No S&P 500, o ganho semanal foi de 1,5%, o maior desde setembro. Dow e S&P 500 subiram em 10 das últimas 12 semanas. O Nasdaq perdeu 0,38%, a 6.847,58 pontos, e fechou a semana com baixa de 0,60%, a única perda semanal entre os três índices de referência. 

 



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