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Estados Unidos tentam emplacar proposta de uma ‘nova OMC’

Veículo: Estadão 

Seção: Economia e Negócios 

GENEBRA - Faltando duas semanas para a principal conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), seu diretor, o brasileiro Roberto Azêvedo, diz que a atual agenda da entidade não está entre as prioridades do governo americano e, neste momento, não existe acordo sobre nenhum tema. O impasse, segundo diplomatas de vários países, estaria ocorrendo por causa da negação do governo americano em aceitar as atuais regras da instituição.

Nos bastidores, a administração de Donald Trump vem sinalizando que quer repensar o funcionamento da entidade a partir de 2018. As propostas, ainda que não tenham sido colocadas sobre a mesa nem especificadas, falam em mudar a maneira pela qual os tribunais da OMC operam, acabar com algumas das estruturas lançadas pela Rodada Doha, em 2001, e ainda pôr um fim ao status da China de “país em desenvolvimento”.

No jargão diplomático, esses assuntos estariam englobados em um tema chamado de “o futuro da OMC”. Mas, entre negociadores, as ideias poderiam significar uma “nova OMC”, colocando o fim oficial da agenda de Doha, negociações que têm o objetivo de reduzir as barreiras comerciais no mundo.

Para que o debate sobre uma nova OMC possa ser lançado, a Casa Branca se recusou a apoiar o texto de declaração ministerial que deveria ser aprovado pela OMC em Buenos Aires. O gesto levou a negociação a um impasse e foi interpretado como um ato deliberado para minar a entidade.

Azêvedo reconhece as dificuldades que vai enfrentar nos próximos dias e admite que “não sabe” se haverá um acordo durante a reunião ministerial. “A agenda da OMC não é, neste momento, uma grande prioridade para eles (americanos)”, disse o brasileiro, em uma coletiva de imprensa em Genebra. “Os EUA deixaram claro que têm desconfianças sobre a forma pela qual o sistema multilateral funciona. Está menos ativo que antes. Fazendo menos propostas. Mas estão sentados discutindo.”

Diante do comportamento americano, Azêvedo insiste que cabe aos demais governos “continuar o trabalho”. “Nem todos os países estarão no mesmo ciclo econômico e político. Teremos momentos em que alguns estão mais liberalizantes e outros menos. Temos de viver com isso. Claro, não se trata de qualquer outro membro. E sua posição claramente tem impacto em nosso trabalho.”

Juízes. Azêvedo admite que o impasse sobre a escolha de novos membros para os tribunais da OMC já está afetando o trabalho da entidade. No órgão de apelação, três das sete vagas de juízes estão vazias e governos culpam os EUA por se recusar a permitir que o processo possa ser lançado para escolher os novos membros.

“Isso vai claramente ter um impacto no trabalho”, disse Azêvedo, pedindo que haja algum tipo de solução. “Já está afetando o ritmo dos processos. Se continuar ainda mais, o impacto será ainda mais sentido”, reconheceu, numa referência a atrasos prolongados na tomada de decisões sobre disputas comerciais entre países.

 



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