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Bom tempo deixa lojas de vestuário em crise

Veículo: Dinheiro Vivo (Portugal)

A coleção de outono-inverno continua nas montras e prateleiras das lojas. “Com o verão prolongado nem a necessidade de comprar uma ou outra peça nem a habitual emoção de adquirir algo de novo para vestir estão presentes. Portanto, as vendas estão a descer e não é expectável que recuperem totalmente. Perdeu-se um mês e meio de vendas”, afirmou Paulo Vaz, diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), ao avaliar o impacto que as altas temperaturas que se fazem sentir no país estão a ter no comércio de vestuário e calçado.

O presidente da Associação de Comerciantes do Porto, Nuno Camilo, confirma que a maioria dos stocks de roupa e calçado de inverno estão parados nas lojas, embora ainda não haja números. Nuno Camilo refere ainda que “com a nova legislação dos saldos, as grandes marcas vão fazer reduções de preços quando quiserem, para recuperar parte do investimento, e levam aqueles que não têm a mesma margem a fazê-las também. Porque os saldos servem para escoar stocks, realizar capital de vendas com prejuízo e nem todos suportam esse embate”.

Já Maria do Céu Primm, da Associação Comercial de Moda de Lisboa, refere que já é uma tendência as pessoas comprarem roupas mais leves. “Os comerciantes e a indústria queixam-se de não venderem peças de tecidos grossos. Naturalmente que este ano está muito pior. A coleção desta estação não está a sair e prolongaram-se até ao limite as coleções de verão”. Esta responsável não acredita numa recuperação até ao final do ano, porque o consumo no comércio de proximidade tem vindo a diminuir. Motivos? “Por razões económicas e agora o clima também não ajuda. No caso de Lisboa, a EMEL também não facilita em nada quem queira fazer compras no centro da cidade”.

O diretor de Comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) disse que a indústria do calçado, apesar de exportar 95% do que produz, “está apreensiva com a situação, porque o calçado de inverno não está a vender em Portugal e, desse modo, não haverá encomendas de reposição”.

Paulo Vaz, sem desvalorizar o peso dos prejuízos sentidos pelos comerciantes, lembra que nos últimos anos foram-se adaptando a novas realidades. “As marcas reorganizaram-se para conseguir responder a situações atípicas. Passaram a não ter uma só coleção, mas várias, havendo encomendas mais pequenas de mais fácil gestão. O que é uma almofada”.

Nuno Camilo sublinha que “com a perda de pelo menos um mês e meio de vendas, haverá menos tempo para escoar stocks, porque estamos quase no Natal e, numa situação destas, os consumidores só irão comprar se os saldos forem mesmo muito vantajosos, o que não dará para recuperar o investimento, com repercussões para o futuro”.

Foco nos mercados externos salva setores

No caso do têxtil e vestuário, “as indústrias vivem muito para os mercados externos, onde não se verificaram situações climáticas como as que estamos a atravessar em Portugal, e não há qualquer sinal de abrandamento na indústria”, refere Paulo Vaz, da ATP.

Quanto ao calçado, Paulo Gonçalves, da APICCAPS, não conseguiu enumerar uma empresa que trabalhe apenas para o mercado interno, logo, não estão “dependentes de um único espaço geográfico”.



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