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Recessão mais profunda já vista acabou no fim de 2016, diz Codace

Veículo: Valor

A disseminação de taxas positivas entre os vários segmentos que compõem a economia determinou o fim da recessão, afirmou o economista Paulo Picchetti, membro do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), colegiado que indica o início e o fim dos ciclos de crescimento e queda da atividade no Brasil. Segundo o Codace, que se reuniu na sexta-feira, a recessão começou no segundo trimestre de 2014 e terminou nos últimos três meses de 2016, avaliação unânime entre os sete membros do grupo. 

"O Codace olha para o maior número possível de séries relacionadas ao nível de atividade e verifica se as variações agregadas refletem uma grande difusão ou se é algo muito focalizado, específico", diz Picchetti. Ele observa que, no primeiro trimestre deste ano, a retomada não estava clara por causa da concentração do crescimento na agropecuária. O PIB de então subiu 1% sobre o último trimestre de 2016, feito o ajuste sazonal. Depois veio o aumento tímido do segundo trimestre (0,2% sobre o primeiro), quando parte dos economistas previa um resultado negativo. Além disso, a expansão foi bem mais disseminada entre os setores.

"A variação veio pequena, mas positiva, e, junto com ela, vários fundamentos que permitiram afirmar que a tendência é de retomada, como a queda de juros mais intensa do que se esperava", afirma Picchetti, que é economista do Ibre-FGV. Segundo o Codace, a recessão de 2014-2016 foi a mais longa - 11 trimestres - entre as nove datadas pelo comitê a partir de 1980, empatada com a de 1989-1992, durante o governo de Fernando Collor de Mello, quando a queda acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 7,7%.

Agora, a perda acumulada em 11 trimestres foi de 8,6%, maior tombo desde o período 1981-1983, quando o PIB recuou 8,5%, números que têm como base as Contas Nacionais do IBGE. Além de a recessão terminada no quarto trimestre de 2016 ter sido longa e intensa, o colegiado avaliou que a recuperação tem sido mais lenta que nas quedas anteriores. Para Picchetti, a variação acumulada do PIB nos dois trimestres seguintes ao fim de cada período recessivo sintetiza a lentidão dessa retomada. No período anterior, na retração entre 2008 e 2009, fruto da crise financeira internacional, o crescimento acumulado dos dois trimestres posteriores foi de 4,5%. No período janeiro-junho deste ano, a expansão foi de apenas 1,3%. Há oito anos, lembra, o governo usou uma série de incentivos fiscais para sair da crise, o que não é possível agora.

"Na saída da recessão em 2009 ainda havia espaço para aumentar o gasto do governo, desonerar setores produtivos. Em 2010 houve um crescimento forte, mas depois os desequilíbrios apareceram de forma muito clara até se tornarem insustentáveis e desembocarem na recessão que acabou de terminar", lembra. "Esgotaram-se as medidas de estímulo e criaram-se grandes distorções macro e microeconômicas. A mais visível é a fiscal". Na semana passada, reportagem do Valor já indicava que o último trimestre de 2016 poderia ser considerado o fim da recessão. Na ocasião, Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC e coordenador do Codace, considerava que, dado o quadro de recuperação em vários setores da economia e a perspectiva de três trimestres consecutivos de expansão do PIB, o fim da recessão se deu naquele período.



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