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Abit: Estudo indica áreas com maior potencial de expansão para têxteis

Veiculo: Valor Econômico.

Seção: Brasil.

O Brasil perdeu espaço, nas últimas décadas, no mercado internacional de produtos têxteis e de vestuário. Mas ainda tem oportunidade de ganhar relevância global nas áreas de algodão orgânico, jeanswear, moda praia, moda íntima e tecidos inteligentes feitos com grafeno (um tipo de carbono capaz de conduzir eletricidade e calor e absorver e emitir luz, já usado em dispositivos móveis). Isso foi o que apontou o estudo “Cadeia Global de Valor”, elaborado pela consultoria suíça Gherzi, sob encomenda da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). 

Segundo também o estudo, para ganhar relevância no mercado têxtil internacional, as indústrias brasileiras precisam investir mais em automação e capacitação da mão de obra, ao mesmo tempo em que o governo precisa promover acordos de comércio para ampliar o acesso das indústrias do país ao exterior. 

O acompanhamento foi financiado pelo Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção (Senai Cetiqt) e a pesquisa começou a ser realizada em 2016 e ouviu governos e empresas em 80 países. 

O país é atualmente o quinto maior produtor têxtil do mundo, atrás de China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. Em confecção, é o quarto maior produtor global, atrás de China, Índia e Paquistão. De acordo com o estudo, o Brasil está em linha com outros grandes produtores de têxteis e vestuário no mundo no que se refere à automação industrial e à implantação da chamada indústria 4.0 — que inclui, além da automação, o uso da internet das coisas para conectar máquinas e equipamentos entre si para garantir uma produção mais ágil e com menos perdas. 

Automação

“Apenas na China o uso de robôs na costura está mais avançado. Mas ainda assim não é uma diferença muito gritante em relação ao Brasil”, disse Fernando Pimentel, presidente da Abit. Segundo o executivo, a automação está mais avançada nas indústrias de fios e têxteis, e menos avançadas na área de confecção. 

De acordo com a Abit, as indústrias do setor investem atualmente entre 2% e 3% do faturamento (entre R$ 2,6 bilhões e R$ 3,9 bilhões) em máquinas e equipamento para modernizar suas fábricas. O ideal, segundo Pimentel, seria que os desembolsos ficassem entre 5% e 6% do faturamento (entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões). Esse e aumento, diz ele, dependeria de uma melhora na oferta de crédito no Brasil.

Algodão orgânico e grafeno Em relação aos nichos de mercado, Pimentel afirma que o país tem condições de se tornar o maior exportador global de algodão orgânico certificado, se houver um plano de toda a cadeia para atingir essa meta. “O Brasil também tem uma das maiores jazidas de grafita do mundo, que é a matéria-prima para produção do grafeno. Como o uso desse produto em tecidos ainda está em teste em todo o mundo, o país pode se destacar na área, se investir nisso”, afirmou. 

Na visão do executivo, o país tem mais chances de ganhar espaço no exterior em nichos do setor têxtil e de vestuário que envolvam biodiversidade e sustentabilidade do que em áreas mais tradicionais, já dominadas pela Ásia. 

A Abit estima que o país tem potencial para exportar de US$ 7 bilhões a US$ 7,5 bilhões em produtos têxteis e de vestuário por ano. Atualmente, as vendas externas estão na casa de US$ 1,1 bilhão. 

Se do lado das indústrias faltam investimentos, por parte do governo falta um esforço para acelerar o fechamento de acordos de comércio que envolvam o setor, na avaliação de Pimentel. Atualmente, segundo a Abit, 61% das exportações brasileiras do setor foram cobertas por acordos comerciais. No caso das importações, o índice fica em 7,2%. 

O Brasil negocia atualmente acordos comerciais com México, União Europeia e Associação Europeia de Livre Comércio (Efta, que reúne Reino Unido, Portugal, Dinamarca, Noruega, Suíça, Áustria e Suécia) e consulta possíveis acordos com Japão, Canadá e Líbano. Na América do Sul, o país acertou acordo de alíquota zero no comércio com a Colômbia.

 

 



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