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Crise paralisa atuação da Fazenda Por Fabio Graner | De Brasília

Veículo: Valor Economico 

Seção: Economia 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, voltou a flertar com a possibilidade de vetos ao novo Refis, mas o quadro político complica demais a efetivação da leve ameaça ministerial. A verdade é que a Fazenda está completamente a reboque do Congresso Nacional e tem apenas tentado minimizar danos e contabilizar as perdas. De mãos atadas, Meirelles e sua equipe ficaram assistindo, na terça-feira, aos parlamentares desfigurarem cada vez mais o acordo inicial, que ensejou a edição da atual medida provisória.

O contexto do pedido de abertura de investigação contra o presidente Michel Temer é reconhecido nos bastidores do Executivo como o fator que fez a balança pender para o time liderado pelo deputado Newton Cardoso Junior (PMDB-MG). Com os problemas policiais que enfrenta, o governo não pode se dar ao luxo de desagradar parcela relevantes dos políticos empresários que direta ou indiretamente se beneficiarão da medida e que em semanas votarão a denúncia.

A turma que já tinha desfeito parte do acordo inicial nas últimas semanas sentiu cheiro de sangue e mexeu ainda mais na proposta. Se o texto-base aprovado já era visto na equipe econômica como ruim e fonte de prejuízo para os cofres públicos neste ano, a versão final de ontem ficou ainda mais complicada, com perdão a dívida de igrejas e o desconto maior nos encargos, entre outras alterações. As contas sobre as novas perdas ainda estavam sendo feitas, mas o cenário tende a piorar. Só com o texto-base, a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, tinha falado em R$ 5 bilhões a menos neste ano, embora esse número enseje dúvidas e até contestações dentro do próprio governo. A leitura no Executivo é de que dificilmente o Senado deixará de referendar o projeto aprovado na Câmara, ainda que haja risco de mudanças que forcem o retorno aos deputados.

O debate no governo deverá ser em torno do que será possível e inevitável vetar. O outro passo será contabilizar quanto entrou no caixa com o programa, que estará aberto até o fim do mês. Esse dinheiro se somará a outros recursos, como os dos leilões de concessão, para a definição do Orçamento no último bimestre. O tamanho da frustração do Refis, que hoje contabiliza previsão de R$ 8,8 bilhões, vai definir se o governo terá ou não espaço adicional no Orçamento, de forma a liberar mais gastos ou fazer um resultado primário melhor que o déficit de R$ 159 bilhões.



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