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Consumo puxa atividade e Ibre eleva previsões para PIB no 3º tri

Veiculo: Valor Econômico.

Seção: Brasil.

O consumo das famílias deve seguir liderando o processo de retomada, que tem mostrado ritmo superior ao previsto pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Após conhecer os resultados do segundo trimestre - quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,2% em relação aos primeiros três meses do ano, feitos os ajustes sazonais - o Ibre reviu para cima as projeções para o trimestre seguinte e também para 2017 e 2018. 

Antes em 0,1%, agora a previsão para o crescimento do PIB entre julho e setembro está em 0,3% na comparação com o segundo trimestre, de acordo com o Boletim Macro deste mês, divulgado com exclusividade ao Valor. Para 2017, a estimativa aumentou de 0,3% para 0,8%, enquanto, no próximo ano, a expectativa é de expansão de 2,4% da economia, ante 2,2% anteriormente. 

"Após um segundo trimestre relativamente bom, mas ainda dependente de fatores mais atípicos, os dados referentes ao terceiro trimestre mostram um crescimento mais robusto e espalhado entre os diversos setores", afirmam os economistas Regis Bonelli, Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos. 

Excluindo o setor agropecuário, que deve ter desempenho fortemente negativo no período, o PIB terá crescimento mais expressivo nos três meses encerrados em setembro, de 1,1%, estimam eles. Segundo Silvia, coordenadora técnica do boletim, o consumo subiu 1,4% entre o primeiro e o segundo trimestres porque foi impulsionado pela liberação de recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). 

No terceiro trimestre, embora a alta prevista para a demanda das famílias seja mais fraca, de 0,7%, ela se dará por fatores mais consistentes, destaca a economista. A queda da inflação, que vem surpreendendo para baixo mês após mês, elevou o poder de compra dos consumidores, aponta a equipe de conjuntura do Ibre, ao mesmo tempo em que as perspectivas de concessão de crédito para pessoas físicas melhoraram e o endividamento das famílias caiu. 

"Esse processo de melhora no balanço das famílias também é reforçado pela continuidade da redução da taxa de juros ao longo dos próximos meses", apontam os economistas do Ibre. Com a evolução bastante benigna dos preços, a entidade revisou para baixo suas estimativas para a inflação e os juros, tanto para este ano quanto para o próximo. 

O Ibre trabalha com alta de 3% e 3,9% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017 e 2018, respectivamente, mas Silvia afirma que "não dá para descartar" números mais baixos. A desinflação  generalizada, na visão do instituto, abre espaço para que a taxa Selic termine este ano em 7% ao ano, e em 7,5% ao ano no próximo. 

Outro fator que ajuda a consolidar a recuperação do consumo, na avaliação do instituto, é a reação também mais rápida que o esperado do mercado de trabalho. A queda da taxa de desemprego de 13,7% no primeiro trimestre para 12,3% no terceiro trimestre, no cenário do Ibre, representa aumento de quase 2 milhões de pessoas na população ocupada, observa o instituto. 

Embora os investimentos permaneçam com desempenho fraco em função da construção civil, Silvia ressalta que as importações de bens de capital foram outra surpresa positiva em agosto, depois de 13 meses seguidos de retração. Por isso, a pesquisadora prevê queda menor para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das Contas Nacionais do que se investe em máquinas, construção e pesquisa) no terceiro trimestre, de 0,3%. 

Do lado da oferta, o Ibre aponta que os dados de produção industrial e comércio varejista, e mesmo de serviços, mostram aceleração desde maio. O PIB industrial deve ter crescido 0,8% nos três meses terminados em setembro, estima Silvia, puxado principalmente pela alta de 1,6% esperada para a parte de transformação. Já a atividade dos serviços deve ter avançado 0,4% em igual comparação. 



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