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Coutinho: CPI do BNDES no Senado reforçará ‘natureza técnica’ do banco

Véiculo: Valor Econômico  

Seção: Industria 

RIO - O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento de Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho disse há pouco, após participar de evento no Rio, que a CPI do BNDES, instalada nesta quarta-feira no Senado, será uma oportunidade para mostrar a “natureza técnica e impessoal” do banco. “Na época em que houve a CPI na Câmara, minha atitude foi de plena colaboração. É sempre uma oportunidade para demonstrar os procedimentos e a natureza técnica e impessoal do BNDES”, disse o economista ao Valor. Coutinho, atualmente professor convidado da Unicamp, participou de evento no Rio promovido pela Associação Brasileira de Economia Industrial e Inovação (Abein) e pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Seu painel tratou sobre o futuro da indústria.

Recessão econômica O ex-presidente do BNDES falou por 47 minutos no começo da noite e não mencionou o nome do banco público ou sua atuação à frente dele. Coutinho defendeu, contudo, que para superar a crise econômica será preciso “destravar o crédito empresarial”, além de reduzir juros, deslanchar os investimentos em infraestrutura, com leilões para o setor privado. Coutinho disse que a retração do crédito para as empresas é um dos fatores por trás da recessão econômica brasileira, mas que o tema teria sido pouco explorado por analistas econômicos. Nas contas dele, foram suprimidos R$ 330 bilhões do crédito para a atividade industrial nos últimos dois anos e meio. “Esse ‘credit crunch’ afeta de forma diferenciada a indústria e forma um círculo vicioso. Com sufoco de crédito, pequenas empresas ficam obrigadas a postergar obrigações fiscais. Não é por outra razão que a receita do governo caiu mais que o PIB e vem frustrando esforços de ajuste fiscal. Quem estudou economia brasileira nessas décadas sabe que a receita é elástica para baixo e para cima”, disse o economista. Coutinho foi o mais longevo presidente da história do BNDES. Foram nove anos na sua presidência, de maio de 2007 a maio de 2016. Ao longo desse período, o banco expandiu sua atuação e aprovou operações que somaram mais de R$ 1 trilhão. O custos dos empréstimos subsidiados do banco costumam ser apontados como fator que contribuiu para a crise das contas públicas. 

Lava-Jato Abordado antes e depois do evento, Coutinho preferiu não comentar o atual papel do BNDES e nem as acusações específicas contra sua gestão. Uma das acusações mais graves contra Coutinho partiu da delação premiada do herdeiro do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Segundo reportagem do Valor, de maio de 2016, o empresário disse a investigadores da Lava-Jato que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e Coutinho pressionavam empresários para fazer doações à campanha de Dilma Rousseff em 2014. Já na época, Coutinho se defendeu, negando que tenha pressionado empresas a doar recursos. Coutinho também sempre rechaçou a possibilidade de interferência do governo nas decisões de empréstimos do banco, que seriam fruto de análises técnicas internas. Em julho deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu responsabilizar o empresário Joesley Batista (dono da JBS), Mantega e Coutinho por prejuízo de R$ 129 milhões causado ao BNDES na operação de compra do frigorífico americano Swift, em 2007. Com base na delação de Joesley, o relatório concluiu que os três se associaram para conceder vantagens indevidas ao grupo empresarial, dono das marcas Seara e Friboi, em negócios com a instituição financeira.

 



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