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Alta de impostos seria um baque sobre o crescimento, avalia Santander

Veículo: Valor Econômico 

Seção: Financias 

O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, afirmou na tarde desta quarta-feira que um eventual aumento da carga tributária elevaria o risco de evasão fiscal e teria um “baque sobre o crescimento.” “As pequenas e médias empresas não aguentam mais e pode haver uma reação muito negativa”, afirmou em coletiva concedida durante o XVI Encontro Santander – América Latina. “Não existe renda disponível para mais imposto.” A possibilidade de uma elevação da alíquota do imposto de renda e da Cide tem sido aventada como forma de ajudar o governo a cumprir sua meta fiscal, num momento em que a instabilidade política retarda as reformas e a demora na recuperação da economia limita a arrecadação. Para o presidente do Santander, entretanto, o tamanho da carga tributária no país tem de ser revisto e deve ser um dos temas a serem encarados pelo próximo governo. Rial observou que, do total do spread bancário, 30% se referem à carga tributária. Outros 30% vêm dos custos operacionais e 40% da provisão para devedores duvidosos (PDD). “Com a digitalização, nossos custos devem cair, o que poderá ajudar a diminuir o spread. Mas a carga tributária também deve ser ajustada.” Os esforços que o banco tem feito em antecipar-se a eventuais renegociações de crédito – procurando clientes que estão pagando juros altos em produtos caros, como cheque-especial, para fazer uma reorganização da dívida – têm gerado bons resultados nos indicadores de inadimplência. Mas o presidente do Santander acredita que, em alguns meses, será possível perceber que a liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) está produzindo um efeito maior sobre os números de PDD e a economia do que tem sido observado. “Em seis meses vamos ver esse resultado”, disse. A liberação do FGTS é uma das medidas, segundo Rial, que confirmam que há uma agenda microeconômica em curso, o que contesta a percepção de que o país está paralisado. A queda da inflação e dos juros também deve ser encarada como avanço importante neste momento, em que o quadro macroeconômico ainda está carregado de incertezas. Rial disse ainda acreditar que a reforma trabalhista será aprovada e que, no caso da reforma da Previdência, pode ser alterada a idade mínima para a aposentadoria. “Vai passar porque não tem outro jeito”, afirmou. Ele observa, entretanto, que essas medidas devem ser vistas como "atualizações', e não como "reformas". "O mais correto seria pensar que se trata da atualização das leis trabalhistas e da Previdência, porque muitas outras ainda terão de ser feitas em breve." Crédito Rial afirmou também que o banco vê espaço para o crescimento do crédito imobiliário, segmento que, em sua opinião, já começa a “destravar”. Diante dessa perspectiva, o Santander está reforçando sua estratégia na área, que envolve a redução do juro para abaixo de 10% ao ano para as linhas Crédito Hipotecário e Sistema Financeiro de Habitação (SFN). Atualmente, a taxa dessas linhas está ao redor de 11% a 11,5%. Num primeiro momento, esse juro mais baixo deve ter caráter "promocional", mas a ideia é que as taxas se tornem permanentes. Além disso, o banco está criando um aplicativo que poderá acelerar o prazo de liberação do crédito, que atualmente é de, em média, 60 a 90 dias. O cliente poderá fazer todo o processo – consulta, aprovação e envio da documentação – por meio do celular. Com essa ferramenta, que será estendida ao financiamento para pessoa física e também jurídica, tanto o prazo de “back-office” quanto da entrega dos documentos pelo cliente diminuirá. Esse posicionamento para o crédito imobiliário, segundo Rial, será lançado oficialmente em evento nesta quinta-feira, em São Paulo. A expectativa do banco é reforçar sua participação nesse segmento, no qual hoje está em quarto lugar no ranking, e mostrar um desempenho no segundo semestre melhor do que no primeiro. O executivo afirmou ainda que o crédito para veículos também começa a ficar melhor. Já para a pessoa jurídica, ele vislumbra uma retomada mais consistente somente em 2018

Deleção da JBS 

Rial afirmou que não houve reflexos diretos sobre o mercado de crédito desde que a delação da JBS trouxe uma nova onda de volatilidade sobre os mercados. “Houve uma paralisia de quatro dias por parte das empresas, mas logo passou”, disse. Pensando no efeito do noticiário político sobre as decisões de investimento estrangeiro, o presidente do Santander acredita que esses recursos não deixarão de vir, porque há muitas oportunidades, especialmente em projetos de infraestrutura. Mas reconhece que a crise e o atraso nas reformas são elementos que limitam esse fluxo. Além disso, diz, existem setores que foram alvo desses investidores por muitos anos, como o automobilístico, que operam hoje com uma capacidade instalada muito superior à demanda. “São setores com sobrecapaciadade, que não vão mais atrair investimentos como acontecia no passado.” Aquisição O presidente do Santander Brasil afirmou que o banco não está negociando a compra de nenhuma plataforma digital. A informação de que a instituição estaria interessada na aquisição da Guide foi divulgada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo. Já o Valor havia noticiado recentemente que o banco teria analisado uma possível compra do Original. Segundo Rial, não há conversação com nenhum desses dois players neste momento. “O banco não precisa comprar para crescer”, afirmou ele em entrevista de imprensa concedida durante o XVI Encontro Santander – América Latina. “Comprar significa pagar um prêmio por algo que você não consegue fazer sozinho, e não vemos neste momento essa necessidade.” Sobre o Original, Rial disse que o banco “não complementaria a estratégia” do Santander. Isso não significa, segundo o executivo, que o banco não esteja olhando constantemente oportunidades de mercado. Ele lembrou que, no caso do HSBC, que foi comprado pelo Bradesco, e do Citi, adquirido pelo Itaú, “o Santander tinha interesse e colocou um preço.” “Mas alguém colocou um preço maior.” *A jornalista viajou a convite do Santander



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