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Brasil produz mais petróleo que Venezuela e México
Veículo: Valor Econômico
Seção: Internacional
Com a queda de produção de petróleo na Venezuela e no México, o Brasil se tornou o maior produtor de petróleo da América Latina. Desde o ano passado, a produção nacional tem superado a dos principais países exportadores de petróleo da região. Essa tendência deve se reforçar neste ano. Segundo a edição de 2017 do "BP Statistical Review of World Energy", lançada na semana passada, o Brasil superou a produção da Venezuela e do México em 2016 (veja gráfico ao lado). Enquanto o Brasil registrou média diária de 2,6 milhões de barris/dia, a Venezuela encerrou o ano em 2,41 milhões, e o México em 2,45 milhões. Em 2015 a produção venezuelana era de 2,64 milhões de barris/dia e ainda superava a do México (2,58 milhões) e do Brasil (2,52 milhões).
Essa troca de posições ocorreu tanto pelo aumento da produção brasileiro quanto principalmente pela queda de produção venezuelana e mexicana. E a tendência é o Brasil continuar liderando o ranking regional neste ano.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Brasil produziu 2,53 milhões de barris/dia em média em abril. Já a produção da Venezuela caiu para 2,19 milhões de barris/dia, segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com base em dados do governo.
A produção do México ficou em 2,012 milhões de barris/dia, segundo a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex). Os dados sobre a produção na Venezuela são controversos. O Ministério de Petróleo e Mineração não divulga estatísticas oficiais desde 2014. O relatório da Opep cita fontes secundárias que estimam uma produção venezuelana ainda menor, de 1,97 milhão de barris/dia em abril. Já a consultoria Oxford Economics estima que a produção neste ano deve ficar em 2,1 milhões de barris/dia. "A perda da liderança da Venezuela em termos de produção é algo novo.
O país sempre foi o principal produtor e exportador de petróleo na América Latina", diz Francisco Rodríguez, economistachefe da consultoria Torino Capital. Ele observa que, apesar de ter as maiores reservas do mundo (estimadas em 300,9 bilhões de barris), o país produz muito abaixo da Arábia Saudita, dona das segundas maiores reservas (266,5 bilhões de barris) e que em 2016 teve produção de 12,3 milhões de barris/dia. Dentre as razões por trás da queda da produção venezuelana ele aponta a falta de investimentos e a nacionalização de empresas de serviço petroleiro, o que impediu a estatal Petróleo de Venezuela (PDVSA) de manter o nível de produtividade em 2006, por exemplo, a média foi de 3,3 milhões de barris/dia.
"Enquanto empresas que operam com a PDVSA têm dificuldades para importar insumos e problemas logísticos, a própria PDVSA tem de decidir entre utilizar os recursos para bens de capital ou para pagar sua dívida externa."
A produção no México vive um problema semelhante de falta de investimentos. Ao lembrar que a produção mexicana há 12 anos era de 3,5 milhões de barris/ dia, Severo LópezMestre Arana, da consultoria Galo Energy, afirma que o México demorou para abrir o setor petrolífero para investidores estrangeiros e para perceber que a Pemex não podia dar conta da nova produção em águas profundas.
Moises Kababie, da consultoria Control Risks, diz que a Pemex depende de um número limitado de campos maduros, como o de Cantarell. "A produção da Pemex dependia em mais de 60% desse campo, que está se esgotando. Paralelamente, houve queda dos preços da commodity, limitando os recursos da estatal para explorar, produzir e investir." Ele avalia que a produção mexicana deve fechar o ano em 1,94 milhão de barris/dia.
Segundo o diretorgeral da ANP, Décio Oddone, enquanto "a falta de investimentos em exploração no México e na Venezuela explica a queda da produção, no Brasil os grandes projetos seguram e aumentam a produção." .
A produção no Brasil cresce desde 2013 devido aos campos do présal. "A área do présal é a única parte da Petrobras que continua a se expandir, apesar da crise da empresa", diz Ricardo de Azevedo, especialista em produção petroleira da USP. Para ele, o présal seguirá nesse nível, ou até crescerá. (Colaborou Cláudia Schüffner, do Rio)
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