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Com aumento da incerteza, J.P. Morgan reduz projeções do PIB para 2017 e 2018

Veículo: Valor

O J.P. Morgan cortou as projeções para o crescimento do PIB de 2017 e 2018 devido à deterioração do cenário político, que pode ter impacto negativo sobre a aprovação de reformas e a confiança. Para este ano, a economista-chefe do banco, Cassiana Fernandez, baixou a estimativa de uma expansão de 0,6% para variação zero; para o ano que vem, reduziu a previsão de 2,2% para 1,8%.
Em relatório, ela diz esperar que a maior parte dos "danos" ocorrerá no segundo e no terceiro trimestres deste ano. Nesse cenário, Cassiana cortou a projeção para o segundo trimestre de uma alta de 0,1% para uma queda de 0,3% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal. Com isso, a recuperação esboçada no período de janeiro a março, com avanço de 1% sobre os três meses anteriores, deverá ter vida curta, avalia Cassiana.
Para o terceiro trimestre, a projeção de crescimento também foi revista para baixo, de um crescimento de 0,3% para 0,1%. Isso se deve principalmente à expectativa de uma "deterioração marginal" na confiança e de condições de crédito mais apertadas, como resultado da incerteza política, segundo ela. As perspectivas para a economia brasileira mudaram depois da crise causada pela divulgação, no dia 17, da gravação de uma conversa comprometedora do presidente Michel Temer com o empresário Joesley Batista, da JBS. Vários bancos e consultorias diminuíram suas estimativas para o crescimento em 2017 e 2018.
Para o ano que vem, Cassiana fez um corte mais modesto na previsão, de 2,2% para 1,8%. "Nós acreditamos que o atraso ou a diluição da necessária agenda de reformas podem ter um impacto mais negativo e presidente no longo prazo", escreve ela. Cassiana diz reconhecer, porém, que a incerteza de curto prazo pode se reverter, pelo menos parcialmente, se o governo aprovar algumas das reformas. A trabalhista, por exemplo, pode ter um impacto significativo sobre a produtividade.

"Mas a crise política, junto com a falta de visibilidade da agenda de reformas e as eleições de 2018, aumenta os riscos em torno dessas previsões", observa ela. Para a economista, o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pode ser longo, terminando no fim do mês ou mesmo depois disso.

Cassiana mudou um pouco a projeção para o ciclo de cortes dos juros. Agora, ela acredita que a Selic vai cair até 8,5%, e não mais até 8,25% ao ano - hoje, a taxa está em 10,25%. Para Cassiana, o impacto de a reforma da Previdência não ser aprovada neste ano tende a ser parcialmente compensado pela atividade mais fraca, decorrente da nova crise política. Isso tem um potencial efeito desinflacionário, diz ela. Com isso, a taxa do fim do ciclo de afrouxamento monetário não deve ser muito afetada - algo diferente do que deve ocorrer com a taxa estrutural da economia.

 



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