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Ilan afirma que Brasil está menos vulnerável a choques externos

Veículo: Valor 

Seção: Finanças 

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, voltou a afirmar que o Brasil se encontrae atualmente menos vulnerável a choques externos. Em evento com o Fundo Monetário Internacional (FMI), na sede do BC, ele disse que a posição do balanço de pagamento está mais confortável e apontou que, em março, o déficit em conta corrente acumulado em 12 meses alcançou 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto que os investimentos diretos chegaram a 4,6% do PIB, mais de quatro vezes o déficit.

Além disso, o presidente do BC apontou que o estoque de reservas internacionais ultrapassa US$ 370 bilhões, o que representa cerca de 20% do PIB, e funciona como um seguro em períodos de turbulência. Desta vez, Ilan não falou do conforto com o estoque de swaps cambiais, que caíram da linha dos US$ 100 bilhões para cerca de US$ 18 bilhões. Nas suas últimas apresentações, a menção aos swaps fazia parte do conjunto de informações usados para tratar da menor vulnerabilidade externa do país. 

Inflação

Ele reforçou que os esforços do BC e do governo têm sido efetivos no controle da inflação e na ancoragem das expectativas. Apontou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 10,7% em dezembro de 2015 para 4,1% em abril de 2017. E que as expectativas de mercado estão próximas a 4% para 2017, e que, para horizontes mais longos, se encontram ancoradas ao redor da meta. O presidente do BC citou também que, no cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom encontram­se em torno de 4,1% em 2017 e mantiveram­se ao redor de 4,5% para 2018. A mediana do Focus trabalha com Selic de 8,5% no fim deste e do próximo ano. 

Reformas

De acordo com Ilan, o Brasil tem feito esforços para aumentar os níveis de produtividade por meio de reformas microeconômicas relacionadas a ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia, e melhorias no ambiente de negócios. “Isso inclui a reforma fiscal e a reforma trabalhista”, disse, segundo conteúdo disponibilizado no site do BC. O Banco Central, afirmou, também tem atuado nessa direção, na agenda de trabalho BC Mais. A agenda possui medidas organizadas em quatro pilares que buscam aumentar a cidadania financeira, aprimorar o arcabouço legal que rege a atuação do Banco Central, aumentar a eficiência do sistema financeiro e reduzir o custo de crédito. 

Um exemplo citado pelo presidente é a proposta para convergir a remuneração dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para taxas de mercado, tornando uma parcela maior do crédito sensível à política monetária. “Estou certo que esses ajustes são necessários e que estamos na direção correta.

Segundo ele, a aprovação da emenda constitucional do teto de gastos e a condução da reforma da Previdência “têm sido favoráveis”. Ilan disse que, no campo fiscal, a nova administração tem mostrado grande compromisso com reformas estruturais que garantam a sustentabilidade da dinâmica da dívida ao longo do tempo. De acordo com o presidente da instituição, não apenas no Banco Central, mas toda a política econômica do governo atual “promoveu uma mudança de direção, reforçando o arcabouço baseado na responsabilidade fiscal e nos regimes de metas para a inflação e de câmbio flutuante”.

Expectativas

Ilan afirmou que a mensagem atual de política monetária permanece a mesma da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril, mas acresceu que “estamos ponderando qual o grau de antecipação adequado, entre o atual ritmo e uma intensificação adicional moderada”. Ilan aproveitou o discurso para tentar alinhar expectativas do mercado depois que sua fala na sexta­feira, durante o seminário de Metas de Inflação, foi vista por parte dos integrantes do mercado, como uma breve mudança na mensagem de política monetária. 

Segundo o presidente, não há definição, no momento, sobre o grau de antecipação do ciclo de corte de juros, algo que acontecerá apenas nos dias 30 e 31 de maio, próxima reunião do Copom. Em abril, o corte da Selic foi de 1 ponto percentual, para 11,25% ao ano, e no mercado as apostas são de uma nova aceleração no ritmo, para um corte de 1,25 ponto o encontro do fim do mês. “O Copom avaliará o grau desejado de antecipação do ciclo, por um lado, pela evolução da conjuntura econômica e, por outro lado, pelas incertezas e fatores de risco que ainda pairam sobre a economia”, disse o presidente do BC. 

Sobre até que ponto a Selic pode cair, assunto que vem passando por firme revisão pelos agentes de mercado, Ilan apontou que “a extensão do ciclo de flexibilização monetária é limitada pelas projeções de inflação, pelos fatores de risco e pelas estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira”. Antes de tecer essas considerações, ele citou a última reunuão do Copom. “Naquela data, o Comitê considerou o atual ritmo de queda adequado, entretanto, avaliou que a conjuntura recomendava monitorar a evolução dos determinantes do grau de antecipação do ciclo. Nesse sentido, a nossa mensagem atual permanece a mesma da ata”, disse.  



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