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Cai participação de investidor externo em oferta de ações

Veículo: Valor Econômico
Seção: Finanças

Depois de um período de ressaca de cerca de três anos, as ofertas de ações já deram pistas neste início de 2017 que vão ter um ano agitado. As estatísticas das mais recentes operações, porém, mostram que os investidores estrangeiros ainda não retornaram com o mesmo vigor de antes para comprar papéis de empresas brasileiras. Dados compilados pelo Valor indicam que das quatro ofertas de ações que aconteceram ao longo do primeiro trimestre e movimentaram R$ 7,9 bilhões, apenas uma atingiu ­ e até ultrapassou ­ o patamar histórico de participação de investidores estrangeiros. Dos R$ 4,07 bilhões em ações vendidos pelo grupo de concessões de infraestrutura CCR, cerca de 68% ficaram nas mãos de aplicadores de fora do Brasil.

As demais ofertas de ações não alcançaram o patamar histórico de participação de estrangeiros, em torno de 60%. Do total de papéis vendidos pela varejista Lojas Americanas, os estrangeiros ficaram com 47%. Na locadora de veículos Movida, esses investidores ficaram com 45%, e na empresa de diagnósticos médicos Hermes Pardini, 41,3%, segundo os anúncios de encerramento das operações feitas. 

Diante da recessão econômica, alguns investidores estrangeiros reduziram suas aplicações destinadas a Brasil nos últimos anos. E muitos fundos destinados a papéis de companhias latino­americanas e brasileiras deixaram de existir nesse período, diminuindo o tamanho do bolso voltado para o país. Mesmo assim, no ano passado, ainda com a euforia do início do governo de Michel Temer, ofertas como as das empresas de energia Taesa, de diagnósticos Alliar, de tecnologia Linx e de turismo CVC superaram a marca dos 60% de estrangeiros. 

"Houve alguns fundos [com recursos externos] que pararam de olhar Brasil, mas eles estão voltando", diz Hans Lin, responsável pelo banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch no Brasil (BofA). "Conforme vai retornando a estabilidade, o estrangeiro volta." O BofA prevê para este ano entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões em ofertas de ações. O tamanho das transações é outro fator que influencia o tipo de investidor que vai comprar os papéis. Estrangeiros, em geral, dão preferência a ofertas de grande porte por causa da maior liquidez que elas proporcionam. Além disso, os tíquetes mínimos de investimentos desses fundos são grandes, o que limita os aportes a um grupo menor de empresas. Coincidência ou não, a maior oferta de ações deste ano foi a da CCR, justamente a transação que mais atraiu investidores externos. 

Além de uma queda do tíquete médio do aplicador de fora do país, Glenn Mallett, diretor de renda variável do Bradesco BBI, diz também perceber um maior interesse dos investidores domésticos. Com a expectativa de redução da taxa básica de juros até o fim do ano, alguns gestores já avaliam a migração de recursos de renda fixa para variável. Por enquanto, porém, a classe de ativos ações tem perdido representatividade na indústria de fundos.

Daqui para a frente, executivos de bancos de investimentos esperam uma representatividade maior dos estrangeiros, já que algumas transações que estão na fila têm porte para atraí­los, como o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) da XP Investimentos e a operação do Santander. Além disso, o fluxo líquido de recursos de fora para a Bovespa no acumulado de 2017 está positivo, em R$ 3,7 bilhões, apesar de no mês de março, até o dia 30, as saídas terem superado as entradas em R$ 3,2 bilhões. 

A companhia área Azul, que terá o preço de suas ações fixado na quinta­feira, também está em busca de mais recursos vindos do exterior do que do Brasil. Em apresentações a investidores, os bancos coordenadores da oferta ­ Itaú BBA, Citi e Deutsche Bank ­ têm procurado o perfil do estrangeiro especialista em aviação. 



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