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IPCA-15 fecha em 0,15% e amplia desaceleração

Veículo: Valor 

Seção: Brasil 

A alta de 0,15% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ­ 15 (IPCA­15) em março ­ a menor para o mês desde 2009 ­, depois de aumento de 0,54% em fevereiro, mostrou novamente desaceleração disseminada da inflação. A saída dos reajustes de educação, a queda das passagens aéreas e o bom comportamento dos alimentos explicam o dado atipicamente baixo, dizem economistas, mas a descompressão deve persistir nos próximos meses, mesmo sem essas ajudas "pontuais". Isso porque os núcleos de inflação seguiram em redução este mês, o que, para analistas, mostra que a desinflação é consistente. Entre fevereiro e março, a média das três medidas mais usadas para diminuir ou expurgar o impacto de itens voláteis sobre o IPCA recuou de 0,56% para 0,25%, segundo cálculos da MCM Consultores. Também houve perda de fôlego no acumulado em 12 meses, de 5,99% para 5,74%. 

Na passagem mensal, sete dos nove grupos pesquisados pelo IBGE registraram taxas menores. O maior efeito de baixa sobre o IPCA­15 veio da parte de transportes, que, com deflação de 9,7% das passagens aéreas e de 1,34% nos combustíveis, caiu 0,16%. Além desta, outras quatro classes de despesa ficaram no campo negativo em março: comunicação (­0,31%); artigos de residência (­0,3%); alimentação e bebidas (­0,08%) e vestuário (­0,02%). Márcio Milan, da Tendências Consultoria Integrada, aponta que a redução dos bilhetes aéreos e de artigos de residência foi maior que a esperada. Por isso, a consultoria deve cortar a estimativa para a alta do IPCA ao fim do mês, atualmente em 0,29%, para 0,24% ou 0,25%. Considerando o primeiro número, a inflação acumulada em 12 meses, hoje em 4,73%, diminuiria para 4,56%. 

Dentro do segmento de artigos de residência, até mesmo o item consertos e manutenção, que é um serviço, teve baixa no mês, destaca Milan, de 0,41%, o que relaciona à atividade fraca. Outro setor da inflação também afetado pela falta de demanda é o de artigos de vestuário, que, pela sazonalidade, deveria estar em ascensão, diz o economista. O processo de desinflação tem sido "consistente e disseminado", percepção reforçada pela tendência declinante dos núcleos de inflação e do índice de difusão, afirma Cristiano Oliveira, economista­chefe do banco Fibra. De fevereiro para março, a proporção de itens com aumento mensal no IPCA­15 caiu de 57,5% para 53,1%. "Não à toa, economistas e mercado financeiro estão revisando os números de inflação semana após semana", comenta Oliveira, que prevê IPCA de 3,9% em 2017. 

Ele também destaca a perda de ímpeto dos serviços, que subiram 1,57% no primeiro trimestre, ante 2,12% em 2016. Os alimentos, que recuaram de 4,42% para apenas 0,14% em igual comparação, foram a principal ajuda à inflação no período, acrescenta ele. Há, ainda, a possibilidade de que o subgrupo de carnes mostre recuo ainda mais acentuado daqui para frente, em função da Operação Carne Fraca, que tende a reduzir as compras desses itens. Em relatório, a equipe econômica da Rosenberg observa que os últimos quatro meses de 2016 e o primeiro trimestre de 2017 foram períodos de surpresas favoráveis com inflação. Uma conjunção de fatores colabora para o cenário mais tranquilo, afirmam os economistas. "O choque benigno sobre os preços de alimentos ameniza a sazonalidade típica do grupo, com efeitos benéficos sobre as taxas mensais." 

Já a recessão tem efeito maior sobre os demais preços livres, aponta a consultoria. Em 12 meses, inflação dos itens definidos livremente pelo mercado diminuiu de 5,2% para 4,6%. Na mesma ordem, o núcleo subjacente de serviços ­ medida criada pelo Banco Central que exclui os preços de turismo, serviços domésticos, cursos e comunicação ­ cedeu de 5,7% para 5,5%. A consultoria aponta que os preços administrados aceleraram na comparação em 12 meses, de 4,5% para 5,2%, e representam risco ao recuo do IPCA. Neste mês, o item energia elétrica respondeu por 53% da alta do IPCA­15 devido à da passagem da bandeira verde, que não implica cobranças adicionais, para a amarela, em vigor desde 1º de março. 



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