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FGV: Ritmo lento para aprovar reformas reduz clima econômico no Brasil

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil

A lentidão no processo de aprovação de reformas lançadas pelo governo esfriou os ânimos do mercado em relação à economia brasileira, na análise da pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Lia Valls. Ela fez o comentário ao analisar o recuo no Índice de Clima Econômico (ICE) do Brasil. Com nova metodologia, calculado com base em entrevistas com 138 especialistas em 17 países e agora com pontuação entre 0 e 200 pontos, o indicador trimestral passou de 66 pontos para 62 pontos. Isto porque houve piora do Índice de Expectativas (IE), um dos dois subindicadores usados para cálculo do ICE brasileiro, que diminuiu mais de 20 pontos, de 175 pontos para 154 pontos, no mesmo período. “O ritmo lento das reformas não agradou ao mercado”, avaliou ela.

Ela considerou lenta a aprovação, pela Câmara dos Deputados e pelo Senado da proposta de emenda constitucional que cria um teto para os gastos públicos. Segundo ela, o mercado estaria preocupado com a capacidade do governo em aprovar as medidas necessárias para reativar a economia brasileira – bem como com a velocidade deste processo de aprovação. “O mercado está olhando muito para a questão fiscal”, afirmou, considerando que resolver problemas de gastos públicos é condição necessária para que o mercado volte a ter confiança na economia brasileira.

Entretanto, ela notou que o Índice de Situação Atual (ISA) saiu de seu nível mais baixo, zero, para quatro pontos entre a edição anterior do indicador em outubro do ano passado para janeiro deste ano. Boas notícias ocorreram na economia brasileira no começo do ano, com inflação menos pressionada e juros mais baixos — o que ajudou a tirar o ISA de seu piso, observou ela. No entanto, caso o governo não tenha capacidade de promover medidas rápidas para resolver os problemas da União na parte fiscal, como no caso das dívidas relacionadas aos Estados, as expectativas do mercado podem continuar a diminuir, no âmbito do indicador – e, por consequência, promover novas reduções no ICE.

A próxima sondagem da América Latina, pesquisa do qual o ICE é indicadorsíntese, contará com pergunta que é feita duas vezes ao ano: em outubro e em abril, que é a avaliação do mercado sobre políticas do governo. Por isto, na avaliação de Lia, a próxima edição do ICE será determinante para analisar qual o entendimento do mercado em relação à capacidade da União em realizar ações de melhora fiscal. “Podemos dizer que as expectativas do ICE são as expectativas do mercado em relação ao governo em resolver a questão fiscal”, afirmou.



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