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Bolsas iniciam semana no vermelho sob 'efeito Trump'

Veículo: Valor Econômico
Seção: Finanças

O mercado acionário americano iniciou a semana em queda, com o índice Dow Jones voltando a ficar abaixo dos 20 mil pontos, naquele que se mostrou seu pior pregão desde a eleição nos Estados Unidos. Todos os onze principais setores do S&P 500 caíram ­ grandes depreciações que contrastam com uma bolsa que vinha se revelando, de modo geral, aquecida desde o dia da eleição. Depois de o Dow Jones ter superado pela primeira vez os 20 mil pontos, na semana passada, a iniciativa do presidente Donald Trup de restringir a imigração procedente de sete países de maioria muçulmana esvaziou parte do otimismo do mercado. As companhias aéreas e as empresas de tecnologia ficaram entre as ações que mais caíram ontem. Os papéis do setor financeiro, que lideraram as altas verificadas desde o dia da eleição, também despencaram. 

Após ajustes, o Dow Jones fechou em baixa de 0,61%, aos 19.971,13 pontos. O S&P 500 caiu 0,60%, a 2.280,90 pontos. O Nasdaq cedeu 0,83%, a 5.613,71 pontos. As expectativas em torno de uma volatilidade mais forte das ações aumentaram, após um período de relativa tranquilidade. O índice de volatilidade CBOE (ou VIX) chegou a subir 17% no pregão de ontem, para 12,42 pontos, no que foi seu maior salto desde setembro. Na sexta­feira, o VIX ­ conhecido como "indicador do medo" de Wall Street ­ tinha fechado em 10,58 pontos, seu nível mais baixo desde 2014.

As perspectivas "não são mais tão universalmente positivas quanto eram percebidas originalmente", disse Jeff Klingelhofer, gestor de carteira da Thornburg Investment Management. Os investidores têm de "tirar fotos tanto boas quanto ruins e reprojetar o que isso significa para os EUA e a economia mundial", disse ele. A medida provisória de Trump sobre imigração, firmada na sexta, gerou contestações judiciais, críticas no Congresso e manifestações de protesto generalizadas. A perspectiva de adoção de medidas protecionistas e de conflitos em Washington pode obscurecer o horizonte para a implementação de iniciativas pró­negócios, como a reforma de impostos para empresas e gastos públicos, nas quais os investidores vinham apostando desde a eleição. 

As ações das companhias aéreas estiveram entre as que registraram as maiores quedas do dia. Os papéis da American Airlines recuaram 5,6%, os da United Continental Holdings, 4,4%, e os da Delta Air Lines, 4%. A Delta informou que seus sistemas essenciais de informática foram restabelecidos depois de uma queda no domingo, mas disse ter cancelado mais voos ontem e advertiu sobre a possibilidade de novos cancelamentos. A queda do sistema ocorreu em meio a manifestações realizadas em vários aeroportos contrárias à medida provisória de Trump. 

Dirigentes do setor tecnológico criticaram a nova política de imigração, manifestando preocupação sobre os efeitos da medida sobre seus funcionários. O setor tecnológico do índice S&P 500 perdeu 1,1% ontem. O segmento financeiro, caiu 1,2%. Muitos investidores tinham apostando que o novo governo reduziria rapidamente os impostos, abrandaria a regulamentação bancária e respaldaria o crescimento dos EUA, o que fez com que o índice Dow Jones ultrapassasse a marca dos 20 mil pontos pela primeira vez. 

"Acho que o mercado se precipitou um pouco devido ao otimismo em um momento inicial", diz Tom Siomades, diretor do Hartford Funds Investment Consulting Group. "Estamos, agora, no ponto em que as pessoas estão meio que esperando para ver quais serão os detalhes." Para esta semana são aguardados novos indicadores da economia global, resultados de algumas das maiores empresas do mundo e reuniões do Federal Reserve e do Banco do Japão, respectivamente os BCs americano e japonês. Mais de 100 grandes empresas americanas deverão divulgar seus resultados trimestrais, entre as quais o Facebook e a Apple. 

O rendimento dos bônus do Tesouro dos EUA (Treasury) de dez anos fecharam em alta, a 2,486%, ante 2,480% do fim da sexta­feira. Os retornos dos T­bonds de 30 anos subiram para 3,081%, contra 3,059%. O retorno dos papéis de dois anos recuaram a 1,216%, frente a 1,224%. Os yields sobem conforme os preços caem. O Dollar Index, que mede a cotação do dólar em relação a uma cesta de 16 moedas, caiu cerca de 0,3%. Na Europa, o Stoxx Europe 600 perdeu 1% ­ seu maior recuo desde 2 de novembro ­, com segmentos economicamente importantes, como bancos, empresas de energia e de seguros, encabeçando o declínio. O índice DAX, de Frankfurt, recuou 1,12%, a 11.681,89 pontos. O FTSE 100, de Londres, caiu 0,92%, a 7.118,48. O CAC 40, de Paris, cedeu 1,14%, a 4.784,64 pontos. 

 



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