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Modo de uso de cartões é reinventado

Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas

Em um cenário que se soma à pressão dos consumidores digitais com o surgimento de uma concorrência mais acelerada, formada por startups e fintechs, o verbo "reinventar" nunca teve tanto significado como para o mercado de meios de pagamentos. Com a força de milhões de dispositivos móveis na bagagem também desembarcaram nessa área gigantes como Apple e Samsung, trazendo suas próprias soluções de pagamento. E o tsunami digital foi adiante, modificando tudo à sua volta. A Visa e a Mastercard têm investido fortemente em inovação e demonstrado estar dispostas a liderar a evolução do mercado de meios de pagamento. Mas o movimento chegou também às credenciadoras, como Cielo e Rede, que procuraram deixar para trás o perfil transacional que lhes era atribuído, por conta dos POS (pontos de venda), para levarem valor agregado ao lojista. 

As carteiras digitais figuram entre as primeiras iniciativas com o objetivo de facilitar a experiência do consumidor na web e, dessa forma, aumentar a taxa de conversão para o lojista. Mas elas têm evoluído e chegaram aos aplicativos móveis e, em alguns casos, retornam com roupa nova ao mundo físico. "Pesquisas indicam que 68% das tentativas de compra na web não eram efetivadas pelos procedimentos exigidos na transação", diz Percival Jatobá, vice­presidente de produtos da Visa. Segundo o executivo, nos Estados Unidos, 86% das transações com os cadastrados no Visa Checkout, carteira digital da empresa, foram concluídas. 

A empresa lançou o Visa Checkout no Brasil em 2015 e tem procurado acelerar a expansão no país. Entre as iniciativas, está o acordo com a Cielo para a integração à plataforma de checkout da credenciadora, o que lhe dá uma capilaridade de mais de 15 mil estabelecimentos comerciais on­line. E está ainda levando o serviço para aplicativos, como é o caso da Easy e iFood. Também em 2015 chegou ao Brasil o Masterpass, a carteira digital da Mastercard. Inicialmente voltada para as compras na web, a solução chegou ao mundo in­app. A plataforma fez parte do lançamento da primeira loja totalmente digital no país, da rede Bob's, onde o cliente pode fazer desde o pedido até o pagamento on­line, por seus dispositivos móveis, ou nos totens de atendimento. 

A Mastercard tem ainda outra forma de popularizar o pagamento móvel sem a carteira digital, com o uso de tokens via tecnologia MDES e que transforma qualquer aparelho conectado à internet em meio de pagamento. 

Segundo Valério Murta, vice­presidente de produtos e soluções, é importante ampliar as formas de identificação do consumidor, principalmente via biometria. No final do ano passado, a empresa anunciou a chegada ao Brasil do Identity Check Mobile, que permite o pagamento por impressões digitais ou via selfies. "E já estamos testando a identificação pelo batimento cardíaco", afirma. Para avançar, tanto Visa quanto Mastercard têm dois nomes em comum: APIs e inovação aberta. No primeiro caso, trata­se das interfaces de programação dos aplicativos que estão sendo liberadas aos desenvolvedores, emissores e carteiras digitais para que possam integrar as plataformas de pagamentos a seus produtos. 

Ambas são adeptas do conceito de "open innovation" pelo qual procuram compartilhar ideias e desafios com outras empresas, startups e fintechs. Em 2016, a Visa inaugurou no Brasil o Co­Creation Center e a Mastercard fechou parceria com o espaço Cubo. Depois de um mergulho no universo digital, a Rede ressurgiu com planos mais avançados. Um deles é o de massificar sua carteira digital, Rede Pay, para o qual tem a expectativa de capturar R$ 6,4 bilhões em transações de ecommerce até 2018. Este ano, inclusive, deverá ganhar a sua versão móvel. 

"Tivemos uma atuação muito forte nos últimos meses, principalmente no Black Friday e Natal" afirma Frederico Souza, diretor de produtos. A maior parte desse desempenho, inclusive, foi de clientes que não são portadores do Itaucard, que já traz embarcado a possibilidade de uso do Rede Pay. Primeira a ter um aplicativo de pagamento móvel, ainda em 2010, a Cielo lançou o Cielo LIO que leva mobilidade não somente para o portador de cartão como para o lojista. "Ela concretiza a visão de mobilidade e omnichannel nas nossas soluções", observa Diego Feldberg, diretor de inovação. 

A plataforma é baseada em Android e permite a utilização de apps no próprio terminal, integrando gestão e pagamento. E possibilita, por exemplo, que via app, o consumidor faça seu pedido on­line e retire na loja, de maneira integrada. A meta é chegar a 1 milhão de terminais em cinco anos. "Usar o smartphone para pagamentos no varejo físico era o que faltava para as transações financeiras", afirma André Varga, diretor de produtos da divisão de dispositivos móveis da Samsung. Em julho do ano passado, a empresa lançou o Samsung Pay no Brasil. 

Hoje são oito modelos de smartphones compatíveis, dos quais dois funcionam exclusivamente com o sistema NFC (Near Field Communication). Os demais ainda têm o recurso da tecnologia MST, também de comunicação por aproximação. "A ampla maioria das transações no Brasil se baseia em MST, o que prova que ter esse diferencial desde o início foi uma decisão acertada", diz o executivo. 



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