Notícias

Dólar e juros caem apesar de receio com cena política

Veículo: Valor Economico 

Seção: Finanças 

O dólar e os juros futuros fecharam em queda ontem, em dia de volume de negócios já mais reduzido com a proximidade dos feriados. Embora o cenário político continue preocupando, especialmente diante da expectativa com a homologação das delações premiadas dos executivos da Odebrecht, o mercado parece deixar para ajustar os preços dos ativos apenas após o recesso do Congresso e do Judiciário, que começa nesta semana e vai até fevereiro. Até lá, o noticiário externo e os movimentos de entrada e saída de recursos típicos do fim de ano devem definir o comportamento do câmbio. O dólar caiu 0,49% e fechou a R$ 3,3731. Já os juros futuros recuaram na BM&F, com os investidores ampliando as apostas em um corte maior da taxa Selic no ano que vem diante do quadro de inflação e atividade em queda. 

A taxa do contrato de DI para janeiro de 2018 caiu de 11,70% para 11,66%, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuou de 11,87% para 11,79%. Os juros futuros refletem 96% de probabilidade de corte de 0,5 ponto da Selic e 4% de queda de 0,75 ponto em janeiro. Apesar da inflação pelo IPC e pelo IGP­M, divulgados ontem, terem mostrando uma aceleração nos preços, a continuidade da queda das expectativas para o IPCA, que já estão próximas do centro da meta de 4,5% para 2017, e a revisão para baixo da projeção do PIB para 2017 abrem espaço para os investidores ampliarem as apostas na aceleração do ritmo de corte da Selic no ano que vem. 

Pesquisa Focus divulgada ontem pelo Banco Central mostrou que a inflação pode encerrar este ano dentro da meta, o que livraria o BC de ter de escrever uma carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificando o estouro da meta, como aconteceu com o ex­presidente do BC Alexandre Tombini no ano passado. A mediana das projeções para o IPCA para 2016 caiu de 5,52% para 6,49%, abaixo do teto da meta de 6,5%. Para 2017, a mediana das expectativas ficou estável em 4,90%. Já a projeção para a taxa Selic para 2017 foi mantida em 10,50%. Entre os Top 5, instituições que mais acertam as previsões, a expectativa para o IPCA em 2017 recuou de 4,55% para 4,52%, reforçando a visão de convergência da inflação para a meta. Ao mesmo tempo, esse grupo de economistas revisou para baixo a estimativa da Selic no período, de 10,75% para 10,38%. 

Para esta semana, o mercado aguarda a divulgação do Relatório de Inflação (RTI), na quinta, que deve trazer mais informações sobre a visão do BC para inflação e juros. "O RTI deve vir com um tom mais otimista, dado que alguns integrantes do BC já defendiam um corte maior de juros na última reunião", diz Paulo Petrassi, sócio­gestor da Leme Investimentos. O recesso do Congresso, segundo Petrassi, deve fazer com que o cenário político passe a ter um peso menor no mercado. 

Depois de encerrado os depoimentos dos executivos Odebrecht, as delações serão avaliadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, e devem ser homologadas só no ano que vem. Notícias divulgadas no último fim de semana mostraram que a chapa Dilma Rousseff/Michel Temer recebeu R$ 30 milhões de doação para a campanha de 2014 do caixa 2 da Odebrecht, segundo delação da empreiteira na operação Lava­Jato. 



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar