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Ibre: Recuperação lenta e pouco espaço para queda rápida dos juros

Veículo: Estadão

A recuperação da economia brasileira está em marcha mais lenta do que o esperado pela grande maioria dos analistas do mercado e há pouco espaço para uma redução expressiva e rápida da Selic.

Esse cenário mais pessimista, revelado hoje em boletim mensal do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), prevê uma alta de apenas 0,6% em 2017, enquanto projeções dos analistas projetam taxas de cerca de 2% (com média de 1,4%). Já a equipe econômica estima uma alta de 1,6% do PIB.

A diferença em relação ao ritmo da economia entre os dois é justificada em boa parte porque os economistas do Ibre estão menos otimistas sobre a capacidade de o Banco Central (BC) simultaneamente relaxar a política monetária e conseguir uma significativa desinflação.

Os novos dados econômicos confirmam que existe uma recuperação do nível de atividade em marcha, mas, infelizmente, em ritmo mais lento do que o esperado para o próximo ano pela grande maioria dos analistas de mercado.

No cenário do Ibre, o consumo das famílias permanecerá limitado pela estagnação da massa real de rendimentos e a contração do crédito ao consumo. O investimento também deverá ter um fraco desempenho, em função do alto endividamento das empresas, da elevada capacidade ociosa e do nível ainda alto de incerteza.

No boletim, os economistas se questionam sobre quais condições poderia ocorrer uma retomada mais rápida da atividade econômica neste final de ano e no próximo. A resposta é a mesma que tem insistido o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles: a necessidade de aprovação consistente e rápida das reformas fiscais, consolidadas na PEC do Teto dos Gastos e na reforma da Previdência.

Com uma cadeia de eventos favoráveis, haveria uma retomada mais forte do consumo das famílias e do investimento. Em outras palavras, previsões mais elevadas para o crescimento no ano que vem dependem, na visão dos analistas, da aprovação das reformas em tempo hábil. Isso permitiria a transição gradual para uma trilha de crescimento mais acelerado, diz o Ibre.

O governo tem acenado com a aprovação, este ano, da PEC do Teto, deixando de lado as demais medidas de ajuste – o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, diz que a reforma trabalhista só avançará no segundo semestre de 2017. Aliados como o PSDB querem um ajuste rápido, em até seis meses, a fim de evitar a volta dos protestos de rua sem o retorno dos postos de trabalho. O governo terá de administrar todo esse nó político e econômico o quanto antes para não retardar ainda mais a retomada.



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