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Fitch teme desvio do foco do governo das reformas para a eleição em 2018

Veículo: Valor Econômico 

Sessão: Finanças

A possibilidade de deslocamento dos interesses e esforços do governo do campo econômico e fiscal para o político com a aproximação das eleições presidenciais pode ter consequências negativas para a classificação de risco do Brasil, disse ao Valor Rafael Guedes, diretor­executivo da Fitch Ratings no Brasil. Para ele, interromper a antecipação da agenda eleitoral de 2018 é um importante desafio. 

"O passado ensina. No ano anterior às eleições presidenciais, o foco se volta para ela. Mas hoje não temos o luxo de poder se desfocar das reformas. 

O governo está comprometido com ela, mas se o foco sair disso e ir para a política pode ter consequências na nota do país", disse. Segundo Guedes, a aprovação em segundo turno na Câmara da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece teto para os gastos públicos ainda não é um sinal suficiente para afetar a nota soberana do Brasil, hoje em "BB" com perspectiva negativa ­ dois níveis abaixo do grau de investimento.

"É um caminho longo e estamos apenas no começo." Guedes afirmou ainda que a Fitch não descarta que, no meio do caminho, a proposta ganhe alterações como um período de validade reduzido ou gatilhos que atenuem o teto, de acordo com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o que considera um risco. "Riscos sempre existem, mas é bom esclarecer que a PEC em si não é a solução", afirmou, ao ressaltar a importância de que a imposição de um teto para os gastos venha acompanhada da reforma da Previdência, cujos detalhes são ainda escassos.

Segundo Guedes, há uma preocupação do grupo da Fitch que avalia o crédito soberano de que, estabelecido o teto de gastos, os investimentos sejam penalizados em detrimento de outras rubricas. Guedes lembrou, no entanto, que a forte queda do investimento do governo com relação ao PIB nos últimos anos mostra que não há muito espaço para cortes. O governo, afirmou Guedes, tem reagido acertadamente quando busca aumentar a participação do setor privado nos investimentos em infraestrutura mas, para atrair o segmento, precisa garantir estabilidade de regras e redução de intervenções estatais. 

Além da forma como se darão as reformas fiscais e da Previdência, Guedes afirmou que a Fitch acompanha com atenção os desdobramentos da Operação Lava­Jato, uma fonte importante de incertezas. "Houve uma nova orientação econômica com o novo governo, o que é positivo, mas há armadilhas no caminho e a Lava­Jato é uma delas. Ela pode afetar a vontade do Congresso em colaborar com as novas medidas", afirmou



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