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Falta de crédito e desemprego reduzem vendas do comércio, afirmam analistas

Veículo: Valor Econômico

A continuidade do enfraquecimento do mercado de trabalho e a restrição nas concessões de crédito seguiram prejudicando o desempenho do consumo no terceiro trimestre, na avaliação de economistas. Segundo a estimativa média de 22 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o volume de vendas do varejo restrito, que exclui automóveis e material de construção, caiu 0,5% entre julho e agosto, feitos os ajustes sazonais, depois de redução de 0,3% na medição anterior.

As projeções para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), a ser divulgada hoje pelo IBGE, estão concentradas no campo negativo, e vão de queda de 0,9% até alta de 0,4%. Para o comércio ampliado, que inclui, além dos oito segmentos pesquisados no restrito, os de veículos e material de construção, 19 analistas esperam recuo maior no período, de 0,9%.

Apesar da recuperação da confiança do consumidor, a demanda doméstica ainda vai demorar a reagir, com perspectiva de alguma acomodação somente no último trimestre, avalia Rafael Leão, economista­chefe da Parallaxis, que trabalha com queda de 0,4% das vendas restritas em agosto. As expectativas melhoraram devido à resolução da crise política, mas o desemprego ainda em alta, o difícil acesso ao crédito e rendimentos em retração seguem afetando o consumo, comenta o economista.

"Somente o otimismo não vai fazer as famílias voltarem a consumir." A evolução dos fundamentos para o consumo, principalmente do emprego e da renda, continua impedindo que a elevação da confiança dos consumidores se traduza em aumento também das vendas, concorda a equipe da Tendências Consultoria em relatório a clientes. Segundo as estimativas da consultoria, o varejo restrito recuou 0,3% no oitavo mês do ano. A maioria dos índices antecedentes usados para prever a variação da PMC teve comportamento negativo em agosto, destaca Leão. O indicador da Serasa Experian que mede o movimento no comércio recuou 5,7% em relação a igual mês de 2015, enquanto as vendas a prazo calculadas pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) encolheram 5,4%.

O economista­chefe da Parallaxis ainda cita a contração de 14% nas consultas ao Usecheque e a redução de 5% no fluxo de veículos leves nas estradas, dado da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). "Os resultados mostram que a demanda doméstica ainda segue num ritmo de crise", disse. Os dados do varejo e o tombo de 3,8% da produção industrial em agosto apontam que o terceiro trimestre foi de desempenho fraco da atividade econômica, com nova retração do PIB.

Para a Rosenberg Associados, o dado de agosto deve corroborar a percepção de piora da atividade nos últimos meses, assim como a análise de que a recuperação do consumo será "bastante lenta e gradual". A consultoria estima que as vendas restritas diminuíram 0,1% na passagem de julho para o mês seguinte.

No varejo ampliado, a retração no mês deve ser ainda maior, de 0,9%, calcula Leão, da Parallaxis, em função do tombo nas vendas de veículos. Segundo dados da Fenabrave, associação que reúne as concessionárias, o número de emplacamentos caiu 13,5% entre agosto de 2016 e de 2015. Com ajuste sazonal feito pela Tendências, o recuo em relação a julho chega a 10,2%



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