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Desinflação de serviços banca expectativa de corte da Selic, diz Itaú

Veículo: Valor Econômico 

Sessão: Valor-investa

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) tem sinalizado reiteradamente que, para que ocorra a redução da taxa Selic, é necessário “que os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica indiquem desinflação em velocidade adequada”.

De acordo com o comitê, no entanto, os sinais acerca da velocidade de queda desses itens ainda são inconclusivos O Departamento de Pesquisa Macroeconômica do Itaú Unibanco, chefiado pelo economista Mário Mesquita, recorreu aos seus modelos para saber se a desinflação de serviços está em linha com os fundamentos e concluiu que “a evolução recente dos diferentes componentes da inflação de serviços está sim em linha com fundamentos econômicos”.

O Relatório Macro Visão divulgado nesta semana, assinado pelos economistas Julia Gottlieb, Laura Pitta e Thales Caramella, acrescenta que a deterioração do mercado de trabalho e a menor inércia inflacionária sugerem recuo da inflação de serviços, corroborando o cenário da instituição Itaú Unibanco de ciclo de corte de juros ainda em 2016.

Os economistas relatam que desde o fim de 2015, a inflação no setor de serviços tem mostrado desaceleração. Em junho de 2016, alcançou seu menor valor desde meados de 2010 (7,0%), mas voltou a avançar em julho e agosto, levantando questionamentos acerca do ritmo da desinflação. Eles explicam que a dinâmica da inflação de serviços está relacionada às condições do mercado de trabalho e à inércia inflacionária.

Entre 2011 e meados de 2015, apesar do crescimento econômico ter diminuído, a taxa de desemprego permaneceu abaixo dos 9%2, mantendo a inflação de serviços pressionada em torno de 8%­9% ao ano. Foi apenas no início de 2015 que a taxa de desemprego começou a aumentar. Ainda assim, a inflação de serviços fechou o ano passado em 8,1%, reflexo da inércia inflacionária.

A inflação passada determina o reajuste de diferentes preços na economia brasileira, entre eles o salário mínimo, de forma que os efeitos de uma inflação mais alta tendem a se propagar pelos anos seguintes. No último ano, o desemprego subiu, mas a inércia também aumentou, de forma que a inflação de serviços permaneceu alta.

Este ano, no entanto, apesar da inércia ainda elevada, o alto grau de ociosidade da economia contribuiu para a queda da inflação de serviços, em linha com os fundamentos. Para verificar se a queda recente está relacionada com os fundamentos, os economistas analisaram a correlação de cada subitem da inflação de serviços com o índice que leva em conta tanto a inflação passada (inércia) quanto a taxa de desemprego.

E chamam a atenção para a alimentação fora do domicílio que corresponde a 25% da inflação de serviços. A alimentação fora do domicílio é explicado tanto pela dinâmica da alimentação do domicílio quanto pelo mercado de trabalho. Ao longo de 2016, explicam os economistas, as condições climáticas menos favoráveis resultaram num aumento de preços de diversos produtos 'in natura' pressionando a inflação de alimentação em domicílio.

Para frente, projetamos que a pressão de alimentos continuará se dissipando, contribuindo para a queda do subitem alimentação fora do domicílio e, consequentemente, da inflação de serviços Julia Gottlieb, Laura Pitta e Thales Caramella concluíram que a queda da inflação de serviços está ocorrendo em velocidade adequada, isto é, consistente com os fundamentos econômicos (mercado de trabalho e inércia inflacionária). “Adiante, ainda que a inflação continue pressionada, o nível ainda elevado de ociosidade da economia e a piora nas condições do mercado de trabalho estão resultando em uma moderação nos custos com salários.

Ou seja, a recessão está tendo um peso importante para o recuo da inflação de serviços.” Em tempo: “A inércia retarda, mas não inviabiliza, a desinflação dos preços de serviços.” 



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