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Indústria reage em setembro e sinaliza expansão no 4º tri.

Veículo: Valor Economico 

Seção: Notícias 

Rafael Cagnin, do Iedi: queda menor na importação de insumos pela indústria pode indicar uma retomada de produção

A forte queda da produção industrial em agosto parece não ter revertido a tendência de recuperação lenta do setor. Para economistas, os primeiros dados divulgados de setembro indicam que a atividade nas fábricas voltou ao terreno positivo no período, ainda que em magnitude insuficiente para compensar o tombo de 3,8% ocorrido no oitavo mês do ano. Como a retração foi forte, piorou a percepção sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, mas o “efeito rebote” pode provocar crescimento da atividade nos últimos três meses de 2016.

A produção de automóveis aumentou 14,1% de agosto para setembro, depois de ter recuado 15,2% no mês anterior. Os cálculos baseiam-se em números divulgados pela Anfavea, dessazonalizados pela MCM Consultores. Segundo dados divulgados ontem pela entidade que reúne as montadoras de veículos, a produção do setor caiu 3,9% de agosto para o mês passado.

A própria Anfavea, porém, salienta que o desempenho caminha para a estabilidade, mas fatores pontuais têm provocado variações inesperadas. Entre eles, a entidade ressalta o menor número de dias úteis em setembro e a dificuldade dos consumidores em conseguir financiamento de veículos novos em razão da greve dos bancos.

Tendo como uma das bases o desempenho do setor automotivo, A MCM espera, ainda de forma preliminar, alta de 0,6% da produção industrial total na passagem mensal. “A indústria vai continuar seu processo de retomada lenta”, afirma o economista Leandro Padulla, para quem o setor vai voltar a crescer no último trimestre do ano.

Entre julho a setembro, Padulla estima redução de 0,8% do PIB industrial, desempenho em grande parte explicado pelos problemas pontuais da indústria automobilística, que teve paralisações acima da média em agosto. Em função disso, o economistas reviu ligeiramente sua projeção para a queda do PIB total no terceiro trimestre, de cerca de 0,5% para 0,7%. Nos próximos meses, porém, a atividade do setor manufatureiro, deve seguir melhorando, afirma ele, devido à continuidade da normalização da produção pelas montadoras.

Além da volta à normalidade nas fábricas de automóveis, a recomposição de estoques, principalmente nos fabricantes de bens intermediários, e a reação da confiança do empresariado são outros fatores que devem ajudar a indústria nos últimos três meses do ano, avalia Padulla. Em seu cenário, a trajetória um pouco melhor do setor deve levar o PIB a avançar 0,2% no último trimestre de 2016.

Outro importante indicador antecedente do comportamento da produção, as vendas de papelão ondulado encerraram setembro em nível pouco inferior ao de igual mês de 2015, na avaliação de Gabriella Michelucci, presidente da associação que reúne empresas do setor (ABPO). Os dados ainda não foram divulgados.

Em relação a agosto, a expectativa é de queda de cerca de 2%, afirma Gabriella, mas a redução não é vista como piora do desempenho. “Não estamos virando a economia do avesso positivamente, mas deixamos de ter perdas importantes”, diz a executiva, também diretora de papelão ondulado da Klabin.

Apesar da queda no último mês, a ABPO projeta alta de 0,7% nas vendas no terceiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado. “O setor de papelão ondulado consolidou um início de recuperação em agosto”, avalia a presidente da associação, trajetória que credita principalmente ao ajuste de estoques na indústria.

As embalagens, explica ela, são produtos com um giro alto e entrega diária. Por isso, quando as fábricas diminuem o volume de mercadorias paradas e precisam voltar a produzir mais, o segmento de papelão ondulado é um dos primeiros a perceber a retomada.



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