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Ilan: Gastos públicos não podem ser financiados com aumento da dívida

Veículo: Valor Economico 

Seção: Brasil 

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse nesta terça­feira que o Brasil não quer financiar a elevação dos gastos públicos com ampliação da dívida pública. Ele observou que, no começo dos anos 1980 e nos anos 1990, o crescimento dos gastos foi financiado com inflação. A partir dos anos 1990, houve aumento da carga tributária, o que não é desejável agora, destacou. “Eu acho que, como qualquer dono de casa, sabemos que há um Orçamento que precisa ser respeitado. Se ele continuar subindo, em algum momento, [isso] dá problema. Mas concordamos com algumas coisas, concordamos que a inflação corrói a renda dos mais pobres. A inflação não é algo que a sociedade aceita mais. Estamos de acordo que o desemprego não pode ficar nesse nível”, disse, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. 

“Todos queremos menos inflação e menos desemprego. A questão que temos que discutir é como chegar lá. O nosso diagnóstico é que, com melhora da confiança, você recupera a economia e, recuperando a economia, ela volta a crescer e gerar emprego”, disse o presidente do BC, que complementou que reformas e ajustes são fundamentais. O presidente do BC disse ainda que o Brasil sofreu uma crise de confiança nos anos de 2014 e de 2015 e que essa crise fez, de um lado, o consumo e o Produto Interno Bruto (PIB) caírem e, de outro, a inflação subir. “A inflação em 2015 foi de 11% e o nosso trabalho hoje é difícil”, disse, ressaltando o desafio de levar a inflação para o centro da meta, de 4,5% ao ano. 

Ilan considerou ainda que a questão fiscal contribuiu para a situação econômica que o Brasil enfrenta hoje. Ele destacou que o país elevou a dívida pública com o objetivo de acumular reserva e que o Brasil fez isso porque precisava acumular “seguro”. “Nós nos endividamos para acumular reserva. E fizemos isso porque precisamos acumular seguro e esse seguro foi importante para o período atual”, disse. 

“Para a frente, vamos olhar, quando acabar essa crise, quando as coisas estiverem mais claras, vamos avaliar o tamanho da reserva pelo diferencial dos juros”, disse o presidente do BC. “Então, vamos fazer essa avaliação”, acrescentou. O presidente do BC destacou que o país está realizando uma migração com credibilidade para fazer com que a desinflação “seja a menos custosa possível”. 

“Tenho sim um diagnóstico de que uma economia que tem gasto crescendo 6% acima da inflação por décadas é uma economia que precisa lidar com o crescimento do gasto”, disse. 



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