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Crédito segue fraco e BC reduz projeções

Veículo: Valor Econômico 

Sessão: Finanças 

O mercado de crédito teve mais um mês fraco em agosto e o desempenho acumulado no ano levou o Banco Central (BC) a rever sua projeção de um crescimento de 1% em 2016 para uma queda de 2%, confirmando que este será o pior ano desde a criação do Plano Real em 1994. Descontando o IPCA esperado para 2016, a queda real fica na casa de 8,6%.

A previsão inicial, apresentada em dezembro de 2015, era de aumento de 7%, após o avanço de 6,7% em 2015. Em percentual do PIB, o crédito deve fechar 2016 em 51%, contra os 52% previstos em julho. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a dinâmica do mercado de crédito foi muito influenciada pela retração da atividade, baixa confiança e aumento do custo do crédito, mas há uma mudança de ambiente que se percebe em vários indicadores e alguma estabilização da atividade.

"De maneira geral, neste momento, certamente o crédito não será a variável que vai liderar o processo de reação, mas poderá contribuir. Para 2017 não temos projeções, mas a perspectiva é bem mais favorável do que foi em 2016, acompanhando outros indicadores macroeconômicos.

" Avaliando os dados para o mês, Maciel aponta que observamos a continuidade da desaceleração do crédito em agosto, com saldo total estável em R$ 3,115 trilhões, mas olhando em 12 meses até julho, a alta que era 0,2%, agora virou queda de 0,6%.

"Há uma continuidade nessa desaceleração, lembrando que o crescimento do crédito tinha sido de 6,7% em 2015. Estamos gradualmente observando desaceleração, que está associada a atividade econômica, elevação do custo, indicadores de confiança mostraram declínio em maior parte do ano, e mesmo com recuperação recente seguem em patamares reduzidos.

Todo esse quadro ajuda a entender essa desaceleração do crédito", disse. No entanto, Maciel apontou que é possível ver alguma indicação de recuperação, mesmo que incipiente para frente. O BC apresentou a Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito, que mede a percepção das instituições sobre oferta, demanda e aprovação de operações de crédito no trimestre findo em setembro e a expectativa com relação ao último trimestre do ano.

No agregado, há uma melhora geral na expectativa com relação ao crédito para o último trimestre do ano, com destaque para o segmento imobiliário, em que os três indicadores passaram a apresentar variação positiva. O BC também apresentou, pela primeira vez, dados dessazonalizados sobre as concessões de crédito. Por enquanto, esse conjunto de informações ainda não capturam a tendência de leve recuperação apontada pela pesquisa.

De acordo com Maciel, essa nova série é importante para eliminar ruídos nos dados e identificar com mais precisão o significado econômico da evolução das concessões, tendo em vista que a série tradicional têm influência da época do ano, como vendas de fim de ano, férias e outros eventos.

Olhando o total geral, o que se tem é uma queda de 8,6% nas concessões em 12 meses, movimento puxado pelas empresas, com retração de 9,2%. Observando­se a média móvel trimestral, indicador mais utilizado para se tentar captar tendência, as variações também são negativas, com exceção para o crédito à pessoa física, que tem variação positiva 0,07% em agosto, mas desacelerando de 1,05% no trimestre findo em julho.

Embora os dados ainda sejam bastante inconclusivos, os indicadores de endividamento das famílias seguem melhorando, o que, em tese, abriria espaço para tomada de dívida. Mas outros fatores como confiança, desemprego e queda de renda atuam em direção contrária. Em julho, a relação entre o estoque de crédito contratado e a renda líquida anualizada fechou o mês em 43,41%, menor desde junho de 2012 (43,22%), ante 43,55% registrado em junho.

Em julho de 2015, o endividamento era de 46,01%. Tirando o crédito habitacional da conta, a fatia de endividamento foi de 24,66% no sétimo mês do ano, menor desde setembro de 2007, contra 24,84% em junho. Um ano atrás era de 27,12%. 



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