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Para Ibre, expansão forte da economia em 2017 depende da aprovação de medidas

Veículo: Valor Ecônomico

Sessão: Brasil

Um crescimento mais robusto da economia em 2017 só é possível com a aprovação em tempo hábil das medidas fiscais no Congresso, o que levaria a uma redução dos prêmios de risco, com consequente valorização do câmbio e queda maior dos juros. A avaliação é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre­FGV), que ainda não vê, no entanto, a perspectiva mais favorável como a mais provável.

Na edição de setembro do Boletim Macro, divulgada com exclusividade ao Valor, a equipe de conjuntura do Ibre apresenta dois cenários possíveis para a expansão do PIB no próximo ano. O otimista conta com aumento de 1,7%, enquanto o básico, que é o efetivamente considerado pela entidade, prevê alta de 0,6% no período. "Quanto mais rápido tivermos mudança na questão vai fiscal, mais rápido a economia reagir, mas esperar que tudo isso ocorra em 2017 é pedir demais", afirma Silvia Matos, coordenadora técnica do documento.

O consenso de mercado, que espera avanço de cerca de 1,4% da economia no ano seguinte, embute estabilização da atividade já no terceiro trimestre, condição necessária para a melhora prevista para o ano que vem. Já o Ibre trabalha com retração de 0,3% tanto no período de julho a setembro quanto nos últimos três meses do ano. A partir dos indicadores antecedentes, o instituto calcula que a produção industrial caiu 3,2% entre julho e agosto, o que dificulta estabilidade do PIB no trimestre atual. A indústria segue em trajetória de reação, mas o movimento não é linear.

O processo de recuperação, diz a economista, está sujeito a quedas nos próximos meses. Além da herança estatística ainda negativa deixada por 2016, a desinflação não tem ocorrido em ritmo rápido, outro ponto que indica crescimento mais moderado em 2017, já que pressupõe maior cautela do BC para cortar juros. "Uma recuperação cíclica só é factível com controle inflacionário e queda dos juros", afirma Silvia. Na seção de inflação do boletim, Salomão Quadros e André Braz apontam que o ritmo de descompressão do IPCA em 2016 é "decepcionante".

Desde março, o IPCA em 12 meses diminuiu 0,42 ponto percentual. Se esse ritmo fosse mantido, seriam necessários 53 meses para que o centro da meta (4,5%) fosse alcançado. Daqui até o fim do ano, a expectativa é que o IPCA recue cerca de 1,5 ponto, terminando 2016 em 7,5%. Em 2017, o indicador deve ceder para 5,3%. "Não vejo a inflação chegando à meta sem ajuda do câmbio", diz Silvia, o que se concretizaria no cenário mais otimista do Ibre. 



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