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Índice de atividade do BC volta a cair em julho e reforça incerteza sobre retomada

Veículo: Valor Economico 

Seção: Brasil 

Depois de um repique para cima no fechamento do semestre, a atividade econômica voltou a patinar em julho na métrica do Banco Central (BC), indicando que a expectativa de retomada ainda não se traduz em melhora efetiva, principalmente nas áreas de consumo e serviços, onde a queda da renda disponível e crescente desemprego se fazem mais presentes. Foram esses setores que levaram o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBCBr) a apontar queda de 0,09% na abertura do terceiro trimestre, frustrando as estimativas de bancos e consultorias consultadas pelo Valor Data, que previam, na média, uma alta de 0,3%. As estimativas variavam entre queda de 0,05% e alta de 0,7% para a variação mensal.

O resultado de junho foi recalculado de uma alta de 0,23% para 0,37%. Em função das revisões constantes, a leitura em 12 meses se mostra mais estável e o resultado é uma queda de 5,65%. No ano, o IBC­Br que é visto como uma "proxi" do Produto Interno Bruto (PIB), aponta retração de 5,29%, na série sem ajuste sazonal. Para o economista­chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o resultado é desanimador. Mesmo com alguns componentes da atividade apontando piora mais lenta, o que número sugere é uma indicação mais para piora. 

O economista da Tendências Rafael Bacciotti aponta que o indicador reforça o cenário­base da consultoria de retração da atividade no terceiro trimestre. Apesar da melhora da indústria, os dados de vendas no comércio foram a principal surpresa que contribui para puxar o índice para baixo. "Isso já está no nosso cenário e indica que a recuperação que tem sido puxado pelos dados industriais sofre efeito negativo dos condicionantes de consumo", disse. Para Gonçalves, do Fator, a "vantagem" do indicador é que os juros futuros caíram, reforçando a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa dar início a um ciclo de corte de juros na reunião de 19 de outubro.

Segundo Gonçalves, o foco do BC nesta semana estará voltado ao encontro do Federal Reserve (Fed), banco central americano, e na próxima semana o BC tem a chance de mudar ou reforçar sua mensagem de política monetária no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Em nota, o chefe de economia e estratégia para o Brasil do Bank of America Merrill Lynch, David Beker, pondera que apesar da queda no mês, os dados continuam mostrando que o pior da crise ficou para trás. O banco mantém a previsão de crescimento da atividade no quarto trimestre. 

Em relatório o banco chama atenção para a tendência positiva da indústria, que marca cinco meses seguidos de leitura positiva, algo não visto desde agosto de 2012. Ainda assim, reconhece que o varejo e serviços devem mostrar uma recuperação mais gradual em função das condições do mercado de trabalho. Em nota a clientes, a MCM Consultores Associados aponta que esperava uma melhora do IBC­Br pelo crescimento apresentado tanto pela indústria e como pelo setor de serviços. "No entanto, o resultado deste mês reforça a nossa visão de que teremos mais um trimestre de queda do PIB.". 

Embora seja anunciado como "PIB do BC", o IBC­Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços). A estimativa do IBC­Br incorpora a produção estimada para os três setores acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB calculado pelo IBGE, por sua vez, é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período. No Relatório de Inflação de julho, o BC projetou queda de 3,3% do PIB em 2016, contra projeção anterior de baixa de 3,5%. Essa projeção será atualizada ainda neste mês. Os analistas consultados para a confecção do boletim Focus apontam retração de 3,15%. 



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