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Dólar vai a R$ 3,34 com cautela global

Veículo: Valor Economico 

Seção: Finanças 

O dólar fechou em alta frente ao real pelo segundo pregão consecutivo, refletindo a continuação do ajuste de posições dos investidores globais, que têm buscado reduzir as alocações em ativos de risco. O mercado segue cauteloso antes da reunião dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Japão no início da semana que vem, que poderá trazer novas sinalizações sobre a política monetária nesses países. No caso do real, as atuações do Banco Central no câmbio e a redução das posições vendidas na moeda americana (apostando na queda) contribuíram para acentuar o movimento no mercado local, levando a moeda brasileira a descolar dos seus pares emergentes. "O fato de o real liderar os ganhos frente ao dólar no ano [subindo 18,38%] fez com que a moeda sofresse uma correção maior com esse movimento de ajuste", diz Rogério Braga, sócio da gestora Quantitas. 

O Banco Central reduziu pela metade a oferta de contratos de swap cambial reverso e vendeu apenas 5 mil contratos operação equivalente a uma compra de US$ 250 milhões no mercado futuro. Mesmo assim, o dólar subiu 0,80%, fechando a R$ 3,3420, maior patamar desde 7 de julho. No ano, a moeda cai 15,53%. Para o estrategista­chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, o BC deve ajustar as atuações no câmbio de acordo com as condições de mercado. 

O gestor da Quantitas acredita que o câmbio tende a permanecer volátil até as reuniões do Banco do Japão (BoJ) e do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) na semana que vem. Apesar da maior parte do analistas não esperar uma alta da taxa básica de juros americana em setembro, o temor é de que o Federal Reserve adote uma postura mais "hawkish" (mais inclinado ao aperto monetário), indicando a possibilidade de um aperto monetário no curto prazo. 

Investidores também estão de olho na reunião do BoJ. Dúvidas sobre a ampliação do programa de compra de ativos para estimular a recuperação da economia japonesa contribuíram para aumentar a aversão a risco desde o fim da semana passada. Nesse cenário, os investidores locais, que mantinham posições grandes vendidas em dólar esperando um aumento do fluxo de investimentos estrangeiros para o Brasil, acabaram tendo de reduzir suas alocações, o que acentuou a alta do dólar no mercado local. 

No mercado de juros, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) encerraram em leve queda, com os investidores ajustando as posições após a alta verificada na terça­feira. O juro do contrato de DI para janeiro de 2021 caiu de 12,26% para 12,2%, enquanto o DI para janeiro de 2018 recuou de 12,68% para 12,63%. Uma boa medida do efeito da alta dos juros na terça­feira foi a queda de 0,36% do IMA, índice calculado pela Anbima que reflete o desempenho dos títulos públicos negociados no mercado secundário. As perdas foram mais intensas nos vencimentos mais longos tanto de papéis prefixados quanto nos atrelados ao IPCA. A instabilidade nos mercados globais também tem um efeito relevante de reduzir a disposição dos agentes em colocar fichas num corte de juros. "A ata do Copom deu muita ênfase ao ambiente externo na definição da política monetária aqui. Então, as incertezas que se vê agora limitam as apostas", afirma o sócio gestor da Modal Asset, Luiz Eduardo Portella. 

A valorização do real neste ano tem contribuído para a desaceleração da inflação, e o fortalecimento da moeda americana pode reduzir o espaço para o BC cortar a taxa Selic em outubro, avalia Rostagno. O Banco Mizuho do Brasil mantém a projeção de corte da Selic em 0,50 ponto percentual em novembro. 



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