Notícias

Dólar e juros futuros terminam em queda

Veículo: Valor Economico 

Seção: Finanças 

Depois da preocupação com uma antecipação da alta da taxa de juros nos Estados Unidos ter provocada uma correção nos mercados emergentes no fim da semana passada, comentários da diretora do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Lael Brainard, ontem reduziram essas apostas e abriram espaço para uma recuperação dos ativos de risco. Contudo, analistas afirmam que, dados os eventos recentes, o mercado deve seguir mais sensível e volátil. O dólar recuou 0,90% e foi a R$ 3,2487. Já o contrato de juros DI para janeiro de 2021 caiu de 12,09% para 11,99% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2018 recuou de 12,58% para 12,55%. 

Em discurso no Conselho de Assuntos Globais em Chicago, a diretora do Fed afirmou que o argumento a favor de uma redução antecipada do afrouxamento monetário é menos atraente. Para o economista­chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo, a fala de Lael trouxe um alívio aos mercados, mas alguma cautela deve permanecer no radar. "Esse discurso 'dovish' [menos inclinado ao aperto monetário] tirou uma pedra do caminho, embora alguma cautela deva permanecer em cena", diz.

Comentários "hawkish" (inclinado ao aperto monetário) do presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, na sexta­feira, aliados à frustração do mercado em relação à ampliação dos estímulos por parte do BCE, levaram a uma correção nos mercados na semana passada, com os investidores reduzindo a posição em ativos de maior risco, buscando investimentos considerados mais seguros como papéis de mercados desenvolvidos e o iene. "O mercado aproveitou para realizar parte do lucro e ajustar os preços. Mas sem notícias negativas, o dólar deve voltar a cair", diz o diretor de gestão da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello. Investidores aguardam a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), nos dias 20 e 21 de setembro, e também do Banco do Japão, no dia 21 deste mês. 

Além do rumo da política monetária americana e também do Japão e da Europa, os mercados devem ficar cada vez mais sensíveis com a proximidade da eleição americana. "A probabilidade da vitória de Hillary [Clinton, candidata democrata] ainda é maior, mas algumas dúvidas que não haviam antes surgiram", afirma Melo, citando a preocupação com a saúde da candidata, além do crescimento do adversário republicano, Donald Trump, nas pesquisas. Essa instabilidade dos mercados pode impor maior cautela nas apostas de curto prazo no mercado de juros a respeito do rumo da política monetária doméstica, avalia o economista­chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks. 

O economista lembra que a apreciação do câmbio contribuiu para a melhora recente das expectativas de inflação e, portanto, a reversão desse movimento pode colocar em questão a consistência dessa trajetória de queda das projeções. "A gente não acha hoje que o cenário mudou, mas certamente é um fator a ser monitorado", diz. 

Pesquisa Focus divulgada ontem mostrou leve piora nas projeções para o IPCA. Embora a mediana das estimativas para 2017 tenha sido mantida em 5,12%, entre os Top 5 ela subiu de 5,25% para 5,50%. Já para 2016, a mediana subiu de 7,34% para 7,36% e passou de 7,42% para 7,50% para 2017. 



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar