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Copom mostra satisfação com progresso nas perspectivas de desinflação

Veículo: Valor Economico 

Seção: Finanças 

Os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) mostraram na reunião realizada no fim de agosto “satisfação com os progressos nas perspectivas de desinflação”, mas “demonstraram preocupação” com as expectativas de inflação para 2017 e com as projeções do BC considerando o cenário de mercado, ambas acima de 4,5%. O detalhamento das discussões está na ata da reunião divulgada nesta terça­feira. No encontro da semana passada, o colegiado decidiu pela manutenção da Selic em 14,25% ano. Tanto no cenário de referência do BC quanto no de mercado, as expectativas para o resultado do IPCA em 2016 subiram de 6,75% para algo em torno de 7,3%. Mas, em 2017, é somente no cenário de referência ­ que considera Selic estável em 14,25% e câmbio a R$ 3,20 por todo o horizonte da projeção ­ que o IPCA converge para 4,5%. 

No cenário de mercado, que leva em conta as projeções no Boletim Focus, a previsão para a inflação em 2017 está em 5,1%. O Copom observa que, embora nesse cenário a desinflação esteja ocorrendo numa velocidade aquém da desejada pelo comitê, houve uma redução de 0,2 ponto em relação à ata anterior e está agora em 5,1%. Ao debater o balanço de riscos para a inflação, os membros do BC apontaram a inflação acima do esperado no curto prazo e aumento das projeções nos cenários do BC para o próximo ano. “Em horizontes mais longos, os membros do Comitê debateram os impactos do nível de ociosidade na economia.” 

De acordo com a ata, os participantes do Copom mencionaram os resultados acima do esperado e o aumento das projeções para 2016. Eles voltaram a ponderar que a desinflação em curto tem procedido em velocidade aquém da almejada. “Não obstante, todos concordaram que houve progresso nas expectativas e projeções em horizontes mais longos.” Na parte da ata em que detalha os riscos para o cenário básico, o Copom afirmou que "persiste" a elevação no preço dos alimentos. Até julho, o Copom dizia que esses preços poderiam “se mostrar persistentes”. No documento divulgado hoje, porém, o colegiado enfatizou que “os preços no atacado já mostram alguns sinais de arrefecimento”. 

“Com a transmissão dos preços do atacado para o varejo, é possível que ocorra uma reversão desses preços ao consumidor, diminuindo riscos de efeitos secundários desse choque sobre outros preços na economia”, afirmou o documento. Até julho, o Copom dizia apenas que o período “sazonalmente favorável” poderia contribuir para uma reversão rápida de alimentos. No documento apresentado hoje não foi detalhada nenhuma discussão mais aprofundada sobre a persistência da inflação, como havia acontecido na reunião de julho.

O colegiado reforçou, no entanto, que períodos prolongados de inflação alta e expectativas acima da meta, como na experiência brasileira recente, tendem a reforçar mecanismos inerciais e tornar o processo de desinflação mais lento e custoso. “Nesse contexto, uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária”, afirmou o BC. 

Quando detalhou sua projeção para o cenário de mercado em 2017, o Copom salientou que “um dos fatores que contribuíram para essa redução foi a evolução favorável das expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus”. A ata traz que a decisão sobre baixar a taxa de juro “envolverá julgamentos” dos participantes do colegiado sobre os três requisitos que são acompanhados, em conjunto, para uma possível flexibilização monetária. 

“O Comitê destaca os seguintes fatores domésticos: (i) que a persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação seja limitada; (ii) que os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica indiquem desinflação em velocidade adequada; e (iii) que ocorra redução da incerteza sobre a aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, incluindo a composição das medidas de ajuste fiscal, e seus respectivos impactos sobre a inflação. O Comitê avaliará a evolução da combinação desses fatores.” O Copom afirma no texto que “não há fator que seja determinante por si só para as decisões de política monetária”. “Em outras palavras, nenhum dos fatores constitui condição necessária ou suficiente para uma flexibilização das condições monetárias”, acrescenta. 

Desde a divulgação do comunicado do comitê na quarta­feira passada, o mercado aprofunda as discussões sobre um corte de juros em outubro ou, no mais tardar, em novembro. O comunicado afirmou que, para baixar juros, é necessário maior confiança no alcance das metas para a inflação nos horizontes relevantes, em particular da meta de 4,5% em 2017. O Copom avalia que os indicadores apresentados desde a última reunião “fornecem evidências adicionais” de estabilização “recente” da atividade econômica, em particular a medida de investimento, que registrou o primeiro aumento após nove trimestres seguidos de queda. 

“Há sinais de uma possível retomada gradual da atividade econômica”, afirmou o colegiado do BC, citando os componentes de expectativas de índices de confiança e de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2017 apurados pelo Focus, além da expansão da atividade industrial. O BC reafirmou, no entanto, que a economia segue operando com nível elevado de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego. “Os dados disponíveis confirmam intensificação do processo de distensão no mercado de trabalho”, aponta a autoridade monetária.

Preços administrados

No documento divulgado nesta terça­feira, o Copom apontou que, para o conjunto de preços administrados, trabalha com um reajuste previsto de 6,3% em 2016, 0,3 ponto abaixo do valor projetado na reunião de julho. Para 2017, considera uma alta de 5,8% nesses preços, ou 0,5 ponto acima da estimativa anterior. Segundo a ata, a revisão para 2017 deve­se primordialmente às projeções para aumento de tarifas de energia elétrica (7,7%) e ônibus urbano (6,8%). 

Comunicação

Consta ainda da ata que o colegiado discutiu a lógica da sua estratégia de comunicação, que se tornou mais focada em condicionalidades do que em indicação temporal. “O Comitê discutiu ainda as implicações de explicitar condicionalidades econômicas sobre a evolução da política monetária, em contraste com a comunicação vigente, cujo caráter poderia ser entendido como temporal.



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