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Dinheiro de vitória na OMC banca centro para algodão no país

Veículo: Valor

Seção: Economia

A Abrapa, associação que representa os cotonicultores do Brasil, deve inaugurar até dezembro um laboratório de referência para a análise de algodão, que irá uniformizar e sistematizar as informações de qualidade da fibra para os compradores estrangeiros. Situada em Brasília (DF), a unidade de dois mil metros quadrados absorveu investimentos de R$ 20 milhões, vindos dos recursos pagos pelos EUA após a condenação na Organização Mundial do Comércio (OMC) pelos subsídios dados a seus produtores de algodão.

Na prática, o Centro Brasileiro de Referência de Análise de Algodão (CBRA), como foi batizado, auditará o trabalho de outros 15 laboratórios de classificação da fibra distribuídos pelo país, respeitando padrões internacionais. João Carlos Jacobsen, presidente da Abrapa, afirma que o sistema centralizará os dados de todos os fardos de algodão produzidos no Brasil, criando a possibilidade de que o comprador possa acessá­los de qualquer parte do mundo já na próxima safra 2016/17. "Haverá a rastreabilidade total do fardo de algodão, desde quem produziu, o Estado, a usina que beneficiou, tudo", diz.

O CBRA figurou entre os itens do memorando de entendimento estabelecido com os EUA após o contencioso na OMC, vencido pelo Brasil em 2004. Apenas dez anos depois, porém, os americanos concordaram em pagar US$ 300 milhões de forma compensatória por seus subsídios, depositados em um fundo de assistência para produtores brasileiros que é gerido pelo Instituto Brasileiro do Algodão (Iba). Recursos do fundo também já foram empregados em outros laboratórios regionais, em Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, conforme a Abrapa, mas o CBRA é o que ganhou maior expressão.

A Abrapa está recebendo esta semana 11 representantes de empresas asiáticas compradoras de algodão, que passarão por regiões produtoras de Mato Grosso, Bahia e Goiás, mas encerrarão as visitas no novo laboratório em Brasília. Para Jacobsen, essa aproximação é importante porque aumenta a credibilidade do algodão brasileiro no exterior. "Também fazemos questão de levá­los no campo para verem nosso alto nível de tecnologia, que aqui a fibra não tem contaminação", diz. No grupo, há compradores de Bangladesh, China, Coreia do Sul, Índia, Tailândia e Vietnã, países que compraram quase metade da fibra exportada pelo Brasil no ano passado.

A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que o Brasil encerre a atual safra 2015/16 (que está em fase final de colheita) com a exportação de 740 mil toneladas de algodão, 11% a menos que no ciclo anterior em função da menor produção devido às adversidades climáticas, entre outras razões. A Abrapa já havia realizado algumas missões de compradores há cerca de uma década, mas retomou a estratégia de maneira mais firme no ano passado, em parceria com tradings do setor. Agora, a entidade tem a intenção de intercalar, trazendo os clientes num ano, e visitando­os no ano seguinte



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