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Ajuste fiscal deve ser passo seguinte, diz empresário

Veículo: Valor

Seção: Economia

O ânimo do empresariado melhorou no Brasil sob a gestão do presidente interino Michel Temer (PMDB), mas o governo precisa pôr em prática suas propostas se não quiser perder a janela de confiança que se abriu nos últimos meses. A avaliação é do empresário Josué Gomes da Silva, da Coteminas, um dos maiores grupos brasileiros do setor têxtil do país.

Apoiador da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) nas eleições de 2014, Silva mudou o tom à medida que o segundo mandato avançava e no início deste ano disse ao Valor que ela já não tinha mais condições de governar. Na entrevista, no entanto, ele dizia não ver as pedaladas fiscais como caso para impeachment.

Agora, com um cenário em que a cassação de Dilma é dada como certa, Silva fala com otimismo do governo Temer.

“Acho que há uma disposição e uma determinação forte para a aprovação das medidas que levem a um ajuste fiscal de maneira a que, de fato, esta confiança que começou a ser recuperada continue crescendo e isso traga repercussões favoráveis na atividade econômica”, disse na sexta-feira o empresário ao ValorPRO, o serviço de informações em tempo real do Valor.

Ele participou de um encontro recente com o presidente interino ao lado de empresários e altos executivos destacados do país, como Abílio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF; Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco; Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho do Itaú Unibanco; Carlos Alberto Sicupira, da 3G Capital; Edson Godoy Bueno, fundador da Amil, entre outros.

“Acho que há uma consciência de que não se pode perder esta curva de crescimento da confiança e para isso principalmente as medidas fiscais são imprescindíveis”, afirmou ele. “Eu saí de lá [do encontro] com essa visão de que o governo está consciente e vai trabalhar por isso.”

Filho de José de Alencar, que foi vice-presidente da República nos governos Lula (PT), Silva se filiou ao PMDB em 2013 e se candidatou a senador por Minas Gerais, mas não se não se elegeu.

Na reunião com Temer, o empresário disse que não foi tratada a possibilidade de aumento de impostos. “Não foi tratado nada relativamente a impostos”, disse. “O que foi abordado foi a PEC do limite de gastos público limitado a inflação do exercício anterior. Obviamente, a reforma da Previdência terá que vir a se somar a isso.” Para ele, a reforma trabalhista, que permita acordos entre patrões e empregados, sem ferir direitos, seria outro passo importante.

Sobre se espera medidas de Temer que possam ser vistas como impopulares – uma vez que Dilma venha a ser afastada definitivamente pelo processo de impeachment – Silva evitou uma resposta direta. Disse que não há nada mais impopular do que atividade econômica paralisada e desemprego crescente.

“E de mais a mais o presidente Temer é um constitucionalista e não vai fazer nada que fira os princípios constitucionais básicos. O propósito não é esse, o propósito é que o Brasil volte a ter uma atividade econômica pujante que possa de novo a voltar a gerar empregos. É isso o que a gente precisa. É isso o que trás popularidade.”

Josué Gomes da Silva vê uma melhora no ambiente de negócios no Brasil nesses poucos mais de três meses de governo interino. No segundo trimestre, a Springs Global, controlada da Coteminas, reduziu em 41% seu prejuízo líquido em relação ao mesmo período de 2015. A perda ficou em R$ 8,7 milhões. A empresa é dona das marcas Artex, Santista e MMartan, fabricante e varejista de cama, mesa e banho. Segundo o empresário, é difícil quantificar o que é melhora nas vendas em função do frio mais intenso este ano – que puxa a venda de edredons e cobertores, por exemplo – e o que é melhora da confiança. “Mas que houve uma melhora atribuível ao clima de confiança, isso é seguro que houve. Eu converso com muitos setores e todos manifestam mais ou menos essa posição”, afirmou.

 

Marcos de Moura e Souza – Valor Econômico



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